A informação foi divulgada por Elbia Gannoum (brunorbs/Getty Images)
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Publicado em 10 de agosto de 2023 às 14h30.
Até 2040, o Brasil terá o dobro de demanda de energia que possui hoje. Resultado de estudos sobre o setor elétrico, a informação foi divulgada pela presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, que participou do ENGIE Day, evento que teve o objetivo de estimular o debate sobre transição energética, descarbonização da economia e seus impactos socioambientais.
Gannoum acredita que o país precisa investir na sua capacidade instalada – em todas as fontes renováveis. Ela afirmou que para o segmento de renováveis se desenvolver de forma concreta é fundamental a aprovação de arcabouços regulatórios que tragam segurança jurídica para atrair mais investimentos para o país, tais como projetos sobre eólicas offshore, hidrogênio verde e mercado de carbono.
Também participante do painel sobre as fronteiras da energia, Heloísa Borges, diretora de Estudos de Petróleo e Gás Natural da EPE, destacou que o Brasil tem uma grande “abundância de recursos naturais e potencial para atração de investimentos. Nossa matriz energética hoje é o que o mundo planeja para 2050”.
De acordo com Ana Meyer, desenvolvedora de negócios de Hidrogênio Verde da ENGIE, o hidrogênio é uma das grandes vocações do Brasil, pois o país tem todos os fundamentos necessários e recursos naturais competitivos. “É uma grande oportunidade para a descarbonização da indústria. Siderurgia, mineração e petroquímico são setores intensivos em consumo energético e o hidrogênio surge para descarbonizar esses processos”, pontuou Meyer.
A ENGIE é uma companhia que tem como objetivo expandir seus projetos com viés sustentável e tem na sua operação no Brasil um benchmarking para o grupo. A empresa pretende ampliar a geração de energia renovável e criar soluções para descarbonização de indústrias e cidades. Neste cenário, as operações da empresa no Brasil terão destaque para a meta do grupo em alcançar o net zero em 2045, de acordo com o CEO da ENGIE Brasil, Maurício Bähr.
"Temos projetos de 2.000 MW em energia renovável em implantação no país, com investimentos que superam R$ 10 bilhões. Além disso, estamos ampliando a rede de gasodutos da Transportadora Associada de Gás (TAG) e vencemos leilão para mais uma linha de transmissão, de 1.000 Km, que irá levar energia do Nordeste para o Sudeste. Esses empreendimentos estão alinhados com o nosso propósito de agir para acelerar a transição energética justa”, ressaltou Bähr, durante o ENGIE Day, evento realizado na quarta-feira, dia 2 de agosto, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
A redução de emissões passa ainda pela melhoria da eficiência energética, especialmente no setor industrial brasileiro, que precisa investir no aprimoramento técnico e na troca de equipamentos obsoletos, segundo Venilton Tadini, presidente da Abdib.
Nesse sentido, a ENGIE oferece soluções para ajudar clientes a descarbonizarem suas atividades. "Quando encontramos, na indústria, vários processos e equipamentos obsoletos, consumindo energia acima da média, vemos nisso ‘o começo do fim’. E aí ou fazemos alguma coisa para melhorar ou a indústria brasileira não vai ser competitiva”, disse João Pínola, diretor de Utilities da ENGIE Soluções.
O financiamento da transição é um ponto importante e que tem no BNDES um agente fundamental. Uma das ideias para aumentar os recursos destinados às energias renováveis é utilizar o Fundo Clima. "Temos uma janela de oportunidade para sermos uma potência em renováveis e podemos usar o Fundo Clima", enfatizou Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudanças Climáticas do BNDES, também presente no evento.
Cotado como o combustível da transição energética, o gás natural recebe atenção de todos os elos do setor de energia. O caso brasileiro com recente avanço, após aprovação da Nova Lei do Gás, é visto com otimismo, porém as regulamentações estaduais merecem atenção para o mercado evoluir ainda mais. Para Gustavo Labanca, diretor-presidente da TAG, “passados dois anos e meio da Nova Lei do Gás, o país precisa da regulamentação de pontos da lei e harmonização das legislações estaduais para fomentar o segmento e consolidar a abertura, que já se traduziu em mais agentes e maior dinamismo do segmento, assim como para promover a complementaridade da geração renovável e para que o gás traga segurança energética".
Outro tema debatido no evento foi a necessidade de o setor energético investir em diversidade e inclusão. Segundo Renata Spada, Head Global de Aquisição de Talentos e Diversidade, Equidade e Inclusão da ENGIE, ampliar a diversidade dos seus recursos humanos é um objetivo do grupo: “Uma das nossas metas é atingir pelo menos 40% de mulheres nos cargos gerenciais do Grupo até 2030. E temos programas de educação para que este objetivo avance”.
Já Juliana Kaiser, fundadora da Trilhas de Impacto, ressaltou a carência do número de mulheres em níveis hierárquicos mais elevados nas empresas: “Há ainda preconceito com mulheres em cargos de liderança de uma maneira geral, mas eu estou otimista. As empresas, especialmente as listadas em bolsa, terão que promover a mudança e isso vai acelerar o processo”.
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