Manipulação de selfies, em que um documento verdadeiro é combinado com uma foto gerada por deepfake para burlar sistemas de reconhecimento facial (Tero Vesalainen/Bússola)
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Publicado em 18 de março de 2025 às 15h00.
*Por Paulo Ando, CPO da idwall
O avanço da tecnologia de deepfake tem gerado sérios desafios para a segurança digital. No Brasil, esse tipo de fraude tem se espalhado com rapidez: em outubro de 2024, a Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou a operação “DeGenerative AI”, com o objetivo de desarticular uma quadrilha especializada em invasão de contas bancárias utilizando aplicativos de inteligência artificial.
O grupo investigado realizou mais de 550 tentativas de invasão a contas bancárias de correntistas de bancos digitais, por meio de ataques coordenados, uso de dados de terceiros e de deepfake, em que, a partir do método conseguiram reproduzir a imagem dos correntistas para validar procedimentos de abertura de contas e habilitação de novos dispositivos.
A quadrilha conseguiu movimentar cerca de R$ 110.000.000 por meio de contas de PF e PJ, em atividades que sugerem Lavagem de Dinheiro — o estrago só não foi pior por conta da auditoria de de prevenção de fraudes dos bancos, que conseguiram barrar grande parte das fraudes.
E ela tende a crescer ainda mais: conforme pesquisa da Deloitte, é possível encontrar na deep web softwares de fraude com preços que variam de US$20 a milhares de dólares, o que mostra o poder da economia global de fraudes, termo usado pela Javelin Strategy & Research para falar desta crescente das atividades criminosas que são conduzidas em uma escala global, incluindo diversos tipos de fraudes.
Conforme o Fraud Report Financeiro, feito pela idwall, as fraudes de alta complexidade aumentaram 16% quando comparamos o primeiro trimestre de 2023 com o de 2024. Mas quando falamos em alta complexidade, quais fraudes as empresas devem ficar atentas?
1.Criação de usuários e documentos com dados sintéticos, em que fraudadores geram documentos e rostos falsificados a partir de dados reais, tornando a fraude mais convincente e difícil de detectar.
2.Manipulação de selfies, em que um documento verdadeiro é combinado com uma foto gerada por deepfake para burlar sistemas de reconhecimento facial.
Essas fraudes podem acontecer em diversos momentos da jornada digital, como no cadastro de novos clientes, na troca de dispositivos ou de senhas, e nas solicitações de novos produtos e crédito, por exemplo.
Isso especialmente quando consideramos que o mercado brasileiro possui particularidades, como modelos de celulares e sistemas operacionais diversos, dispositivos móveis em uso mais antigos e uma parcela da população com acesso à internet limitado, o que dificulta a implementação de tecnologias avançadas de segurança.
Porém, mesmo em meio às adversidades, é essencial garantir um alto nível de proteção contra fraudadores que aprimoram constantemente suas técnicas; por isso, muitas empresas começaram a testar suas ferramentas utilizando alguns métodos que os fraudadores já usam, como máscaras 2D e 3D, com o objetivo de simular rostos e tentar burlar sistemas de autenticação.
Exigir certificações que asseguram que a validação biométrica usada é eficiente na detecção de deepfakes — como é o caso do selo iBeta 2 —, é primordial para as empresas adotarem uma tecnologia confiável e segura.
Para confirmar a veracidade dos dados do usuário com maior acurácia, é preciso combinar essa tecnologia com outros recursos, como documentoscopia, OCR (reconhecimento óptico de caracteres) e background check. A integração desses recursos de validação pode impedir que um usuário seja aceito no processo de onboarding da empresa utilizando dados falsos ou documentos de outra pessoa, por exemplo.
Com o avanço das ferramentas de IA generativa e das técnicas sofisticadas que tornam as fraudes mais fáceis e baratas de serem realizadas, fraudes oriundas de deepfakes tendem a escalar ainda mais, saindo da ilegalidade e indo para o “varejo”.
Neste cenário, as empresas pŕecisam investir o quanto antes em soluções que conecte tecnologia, automação e inteligência, optando por soluções centralizadas que integrem todos os dados cadastrais, documentais e biométricos do usuário em um mesmo ambiente.
*Paulo Ando é CPO da idwall, empresa de tecnologia que disponibiliza verificação de identidade, gestão de riscos e onboarding digital.
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