Bússola

Um conteúdo Bússola

‘Death tech’, a nova tendência de uso da tecnologia no setor funerário

Transformação e profissionalização marcam a década de mudanças no setor funerário, com o uso crescente de inovações tecnológicas.

 (Nicola Stojadinovic/Getty Images)

(Nicola Stojadinovic/Getty Images)

Bússola
Bússola

Plataforma de conteúdo

Publicado em 22 de abril de 2025 às 10h00.

Por Marco Machado, CTO do Grupo Zelo

O setor funerário, historicamente conhecido por sua estrutura de governança tradicional, vive uma década de transformação e profissionalização. Guiadas pela consolidação do mercado, as empresas do segmento têm ampliado seus investimentos e encontram na inovação e avanços tecnológicos ferramentas de impulsionamento para seus negócios. Digitalização de serviços, inteligência artificial e automação têm sido incorporadas para tornar os serviços mais acessíveis, eficientes e humanizados.

Esse movimento acompanha uma tendência global chamada "Death Tech", que envolve o uso de tecnologia para facilitar diferentes aspectos da despedida e do luto. Em países como Estados Unidos e Reino Unido, é ampla a utilização de plataformas que permitem o planejamento antecipado de funerais, transmissões online de cerimônias e até ferramentas digitais voltadas ao apoio emocional das famílias enlutadas. Além disso, sistemas de inteligência artificial começam a ser usados para oferecer orientações personalizadas e automatizar processos burocráticos, reduzindo a carga emocional nesses momentos difíceis.

No Brasil, onde o setor ainda é majoritariamente familiar e conservador, a modernização tem avançado gradualmente, mas de forma consistente. O aumento nos investimentos em tecnologia no país é crescente e deve ultrapassar os R$ 616 bilhões em 2025, segundo a International Data Corporation (IDC).

A adoção de tecnologias inovadoras tem se mostrado um fator determinante para o crescimento e a eficiência dos negócios. De acordo com uma pesquisa da McKinsey, em 2024, 72% das empresas globalmente já utilizavam inteligência artificial (IA), um aumento significativo em relação aos 55% de 2023. No Brasil, o uso de IA também é expressivo; uma pesquisa da Ipsos e do Google revelou que, em 2024, 54% dos brasileiros já haviam utilizado IA generativa, superando a média global de 48%. Cenário que também impacta esse segmento.

Essas tecnologias permitem às empresas automatizarem processos, analisar grandes volumes de dados e personalizar serviços, resultando em operações mais eficientes e na identificação de novas oportunidades de mercado. Temos vivenciado essa transformação no Grupo Zelo nos últimos anos e até 2027 iremos consolidar um investimento de mais de R$ 60 milhões nessa área.

Inovações no setor funerário

Entre as principais inovações aplicadas recentemente no setor funerário, a inteligência artificial vem sendo utilizada para garantir atendimento mais ágil e suporte às famílias, reduzindo burocracias e tornando os processos mais descomplicados. Essa é a nossa aposta, como líderes de mercado no país, para integração de múltiplos canais digitais, como WhatsApp e chats online, e também facilita o contato imediato e eficiente entre cliente e empresa. Nos primeiros três meses desse ano, com a implementação do autoserviço via WhatsApp, aplicativo e portal, já foram realizados mais de 55 mil atendimentos de clientes via BOTs, permitindo solucionar pendências que antes eram feitas via telefone ou diretamente nas unidades. O próximo passo é expandir ainda mais essa facilidade de contato via canal digital, de forma que os familiares possam enviar remotamente dados e documentos após um óbito. Uma facilidade importante diante da fragilidade enfrentada pelas famílias nesse momento de despedida.

Outra inovação para o setor é a gestão logística em tempo real, uma espécie de “Uberização” do serviço que permite acompanhar todos os deslocamentos realizados desde a remoção do corpo até a chegada ao local do velório. Isso evita deslocamentos antecipados, desnecessários e diminui o desgaste físico e emocional das famílias.

Tecnologia após o funeral

A transmissão virtual de velórios, que se popularizou na pandemia, permanece como alternativa para conectar amigos e familiares que não podem comparecer presencialmente às cerimônias. Além disso, novas tecnologias vêm sendo aplicadas na experiência pós-funeral. A geolocalização, por exemplo, já é usada para facilitar a localização de túmulos em cemitérios, como é o caso do localizador e-lapide oferecido pelas nossas necrópoles nas cidades de Hortolândia, Mogi Mirim, Rio Claro e Guarulhos.

Essas inovações não apenas modernizam a gestão dos serviços funerários, mas também humanizam a experiência da despedida. O uso da tecnologia permite oferecer suporte mais eficiente e acolhedor, tornando um momento difícil um pouco menos doloroso para as famílias. A modernização do setor funerário não significa apenas inovação, mas também a oportunidade de prestar um serviço mais digno e adaptado às necessidades de uma sociedade que, cada vez mais, busca aliar praticidade e acolhimento.

Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube 

Acompanhe tudo sobre:MortesTecnologia

Mais de Bússola

Pix ganha protagonismo no setor de energia e grupo atinge recorde no pagamento de faturas 

E-commerce: 6 passos para identificar e tratar de problemas de conversão

Brasil perde o jornalista e escritor Wilson Figueiredo

Opinião: e-commerce brasileiro precisa se preocupar com logística inteligente e novas tecnologias