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De RH à moda: empresas apostam em NFTs para diversificar e gerar negócios

No Brasil, empresas como Chiefs.Group, netspaces e R2U já oferecem soluções baseadas na tecnologia

No Brasil, empresas como Chiefs.Group, netspaces e R2U já oferecem soluções baseadas na tecnologia (Nike/RTFKT/Divulgação)

No Brasil, empresas como Chiefs.Group, netspaces e R2U já oferecem soluções baseadas na tecnologia (Nike/RTFKT/Divulgação)

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Publicado em 25 de junho de 2022 às 15h27.

Por Bússola 

Eleita a palavra do ano pelo Collins Dictionary em 2021, os NFTs, sigla de non-fungible token (tokens não-fungíveis), fomentaram globalmente US$ 23 bilhões em negociações no ano passado, segundo o Drapp Industry Report. O crescimento desses ativos digitais únicos, distintos e insubstituíveis, que são registrados pelo sistema blockchain para garantir sua autenticidade, tem movimentado empresas brasileiras de setores como recursos humanos, imobiliário, de eventos e moda, que buscam aproveitar a nova tendência do mundo da tecnologia para diversificar e gerar negócios.  

Para Fausto Vanin, cofundador da OnePercent – startup brasileira de blockchain envolvida em grandes processos de tokenização via NFTs do país e do mundo, esse fenômeno é motivado pelo fato de os tokens não-fungíveis representarem ativos digitais muito próximos à cultura dos consumidores finais.  

“Os NFTs não carregam uma relação tão forte com o mercado de capitais, que muitas vezes assusta as pessoas que não têm o costume de investir. Por esse motivo, eles têm atraído tanto o interesse de empresas de diversos segmentos. A principal vantagem para elas é estabelecer um novo canal de relacionamento com os consumidores e fãs da marca, o que abre oportunidades para que seja feito um bom trabalho de comunicação com essa comunidade, ouvindo o que realmente gera valor para os membros e construindo algo que aumente o engajamento e senso de pertencimento, fundamentais para o sucesso de um negócio”, diz Vanin.  

No setor dos recursos humanos, um dos exemplos é a Chiefs.Group, que lançou agora em março a primeira plataforma em blockchain para gestão de talentos da América Latina, com NFTs avaliados em R$ 11,3 milhões. Desenvolvida em parceria com a própria OnePercent, o modelo permite digitalizar a carreira de altos executivos e viabiliza uma nova relação de trabalho sob demanda.  

Com isso, o profissional pode investir seu capital intelectual em startups, empresas e projetos isolados de acordo com o desafio proposto, ao invés de dedicar 40 horas semanais de forma exclusiva para uma companhia. Além disso, ele passa a ter acesso a um novo tipo de remuneração, via equities, que gera maior envolvimento e comprometimento com o sucesso do negócio. A primeira carteira digital emitida foi a de Ricardo Bellino, um dos fundadores da Elite Models Brasil, sócio na Trump Realty Brazil e atual CEO da holding Bellino's Unlimited.  

"Quando as tratativas do mundo do trabalho passam a ocorrer em blockchain, temos um meio de garantir maior confiabilidade e transparência nas relações. Este registro gera reputação para as empresas, que poderão comprovar o vínculo de determinado executivo notável em seu negócio, além de beneficiar o executivo, que passará a demonstrar ao mercado sua atividade além das fronteiras do já antigo “Full time job”. Ao viabilizar essa tecnologia, estamos liderando o movimento de Open Talent Economy na América Latina e construindo o futuro do trabalho", declara Cristiane Mendes, fundadora e CEO da Chiefs.Group.  

NFTs como garantia para crédito imobiliário  

Já no setor de imóveis, NFTs passaram a ser utilizados como garantia para crédito imobiliário. Em março deste ano, a netspaces, PropLegalTech criadora da primeira propriedade digital do Brasil, realizou o primeiro financiamento com NFTs do país. A negociação alcançou o valor de R$ 129 mil reais e aconteceu em Porto Alegre (RS). A compradora foi a diarista Docelina Conceição de Barros Severo, de 49 anos, que até então nunca havia tido acesso a um crédito imobiliário.  

De acordo com o CPO da netspaces, Jonathan Doering Darcie, o objetivo é democratizar e simplificar o acesso à propriedade privada. “Esse modelo permite que pessoas que geralmente não têm acesso ao crédito consigam comprar seus imóveis em propriedade digital. Ao mesmo tempo, quem empresta terá a oportunidade de fazer isso de forma muito mais ágil e com a mesma segurança de antes quanto à garantia. Tudo isso com taxas e custos de transação muito menores, inclusive, com o tempo da transação ocorrendo em questão de horas em vez de semanas”, afirma.  

O tempo, aliás, é um dos principais diferenciais do modelo, com a substituição de um processo demorado, muitas vezes sem conclusão, por outro que pode levar 15 minutos, da aprovação do crédito à constituição da garantia sobre o imóvel e o NFT. A tecnologia proprietária construída sobre blockchain da netspaces é o que permite que os tokens sejam usados como garantia, o que torna o processo mais rápido e fácil. 

 NFT de participação em eventos 

Em parceria com o VTEX DAY 2022, a Converge, solução one stop shop para empresas no metaverso, uma unidade de negócios da startup de soluções de realidade aumentada R2U, desenvolveu um conjunto de 11 NFTs que funcionaram como um certificado de participação para quem visitou o principal evento de transformação digital do varejo e indústria da América Latina, realizado em abril na capital paulista. A ação foi inédita no Brasil.  

Para conquistar os NFTs do VTEX DAY, os visitantes participaram de um desafio que envolveu encontrar 11 totens digitais distribuídos pela feira. Cada totem exibia um vídeo sobre a ação com um QR Code único que, ao ser escaneado, liberava um NFT da coleção desenvolvida especificamente para o evento. “Caçando” os 11 NFTs, era possível desbloquear um “super NFT”, dando direito a 20% de desconto nos ingressos do VTEX DAY 2023.  

Quando o visitante escaneava o primeiro QR Code, era direcionado para uma página de cadastro, onde precisaria inserir dados básicos. Após o evento, ele poderia encaminhar o número de sua carteira digital (wallet), se já tivesse uma. Caso contrário, bastava seguir as instruções que foram disponibilizadas para a criação de uma carteira Metamask. Informando o número da carteira, os NFTs seriam devidamente transferidos. No total, 350 pessoas coletaram seus NFTs.  

“Existe uma categoria de NFTs chamada POAP (Proof of Attendance Protocol), que funciona como um certificado de participação, muito utilizado pelos principais eventos de tecnologia e inovação do mundo. Com ele, é possível colecionar os tokens não-fungíveis em nossa wallet, gerando uma espécie de timeline que contém todas as feiras que já participamos”, declara Valéria Carrete, Chief Metaverse Officer da Converge e responsável pela parceria.  

Tokens não-fungíveis na moda  

Recentemente, em outra parceria inovadora, a Converge auxiliou a marca de moda masculina Aramis no lançamento do NFT Aramis, que permite aos clientes a entrada ao clube VIP da marca. 

O time da Converge adequou para NFTs os arquivos 3D da jaqueta phygital (física e digital) MetaHeat, peça que conta com três níveis de aquecimento e poder de controle de temperatura através de um powerbank e compõe a nova coleção de inverno da Aramis, a “DesInverno”.   

Durante a pré-venda da jaqueta MetaHeat, batizada em referência ao metaverso, a Aramis disponibilizou o modelo digitalmente em forma de NFTs, em uma quantidade limitada de 25 unidades, comercializadas no Open Sea, o maior mercado de NFTs do mundo. A partir da compra, o token se torna uma chave de acesso a esses clientes VIPs que participarão de um clube exclusivo de experiências, o Clube Red Aramis, e a Converge apoiou os clientes em todo o processo de criação de carteira digital e a transferência do ativo, caso necessário.  

“Ficamos animados com o desafio de auxiliarmos a Aramis, uma das marcas de varejo de moda masculina mais inovadora do Brasil, a desenvolver a primeira ação desse segmento envolvendo NFTs no país. A utilização do token não-fungível como link entre os mundos físico e digital, e sendo chave de acesso a um Clube de Clientes VIP que terão benefícios totalmente diferenciados, é uma das tendências do mundo da moda ao nível global”, diz Caio Jahara, cofundador e CEO da R2U e Chief Growth Officer da Converge.  

“É importante saber que os NFTs não podem ser apenas mais um canal de vendas, um novo tipo de e-commerce. O público que enxerga valor nos tokens geralmente são aquelas pessoas que se veem como mais do que consumidoras, e sim como entusiastas. NFTs servem para muito mais que imagens digitais, podem suportar relações das mais diversas, como por exemplo entre um executivo é uma startup no contexto da plataforma da Chiefs Group. Sendo assim, meu conselho para as empresas é o seguinte: conheça sua comunidade. Construir algo junto com os participantes, reconhecendo seu papel como mais que consumidores, fará toda diferença no resultado final”, afirma o especialista Fausto Vanin. 

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