(Maskot/Getty Images)
Bússola
Publicado em 24 de dezembro de 2021 às 11h30.
Por Mariana Achutti*
Um título taxativo tem sempre seu peso. Mas dobro minha aposta. Empresas conectadas ao espírito e às demandas de seu tempo, daqui para frente, irão se transformar cada vez mais em espaços educacionais. E antes de entrar no que significa esse novo conceito, dou um passo atrás para explicar sua importância.
Partamos de uma verdade indigesta, mas com potencial transformador: as pessoas confiam mais nas empresas do que nos governos ou na mídia. Ao serem indagados pela pesquisa Barômetro de Confiança 2020, realizada pela Edelman, 80% dos entrevistados responderam confiar nos cientistas, 69% nas pessoas da própria comunidade e 65% em cidadãos de seu país. Um pouco mais da metade (51%) diz ainda acreditar nos CEOs e 50% nos jornalistas. Os governantes aparecem ao final da lista, com 42%.
Diante desse cenário, você já pensou no impacto do seu negócio na sociedade?
Na era da responsabilidade social e da transparência, o novo pensamento que emerge dentro das corporações redireciona e expande suas forças educacionais. Muitas organizações avant-garde já estão se entendendo como plataformas impulsionadoras de conhecimento para a sociedade como um todo. E se lá atrás os alicerces da aprendizagem corporativa estavam calcados em garantir baixa rotatividade e alta produtividade entre funcionários, agora é preciso ir além. Da equipe ao consumidor final, passando pelos prestadores de serviço: a educação corporativa do futuro olha para todos os stakeholders e transforma o mundo, para além do negócio. É esse o novo posicionamento que chamamos de empresa-escola.
Tal qual a visão anterior de educação corporativa, esse novo mindset também opera na lógica ganha-ganha. Para a sociedade, fica a circulação de um saber de qualidade, proporcionada não só pelo ensino formal, mas também por empresas engajadas com o compromisso de entregar a seus ecossistemas o conhecimento que detêm. Para a corporação, a benesse vem de um reforço de vínculo entre seus stakeholders, aumentando o valor da marca e garantindo maior sustentabilidade relacional e financeira para o negócio.
Tomemos o iFood como case. Se antes a educação corporativa era voltada única e exclusivamente aos funcionários, hoje a empresa lança processos de aprendizagem a restaurantes e entregadores. É uma forma de garantir que novas habilidades sejam aprendidas e que outros conhecimentos estejam circulando de ponta a ponta.
Já a Warren, corretora de investimentos e gestora de patrimônio, oferece várias trilhas de conteúdo gratuitas para o cliente final. “Nenhum de nós nasceu sabendo montar um plano financeiro. Nem aprendeu na escola. Nossos cursos de Vida Financeira nasceram para resolver estes problemas”, diz a empresa no site de seu braço educacional.
Derivada do termo em latim “educare”, educar significa “conduzir para fora”. É essa a movimentação contemporânea e futurista da educação corporativa. E a gente sabe, o futuro é logo ali. Sua empresa está preparada?
*Mariana Achutti é fundadora e CEO da SPUTNiK
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