Existem pelo menos dois processos que podem descaracterizar o conceito (Foto/Thinkstock)
Head da Beon - Colunista Bússola
Publicado em 21 de julho de 2023 às 11h15.
Última atualização em 13 de outubro de 2023 às 20h43.
Com o interesse crescente de sociedade civil e do mercado corporativo nos temas de desenvolvimento sustentável, houve um natural aumento da procura por profissionais capazes de decodificar e navegar pela complexidade dos desafios que compõem a agenda.
A demanda crescente por pessoas qualificadas foi acompanhado de uma movimentação relevante de profissionais que buscam uma transição de carreira para atuar com mais propósito e um senso de impacto positivo. Movimento legítimo, que também realizei há alguns anos, mas que precisa ser feito com consistência.
Como tudo que ganha notoriedade, a área de sustentabilidade tem sido alvo de dois processos perigosos. O mais visível é promovido por aventureiros que tentam "surfar a onda" do interesse crescente a partir de premissas frágeis e sem buscar conhecimento técnico. São fáceis de identificar, pois costumam ser barulhentos e investir muito em exposição de conteúdos com a profundidade de um pires. Para estes, basta haver boa intenção para promover mudanças e impacto positivo. Mesmo que o entendimento de "impacto" seja inconsistente.
O segundo processo é o dos corporativistas, que tentam criar reservas de mercado. Estes parecem acreditar que promover sustentabilidade é tarefa exclusiva de seres especiais e iluminados que, coincidentemente, possuem exatamente o conjunto de formação e experiência de quem defende tal posição.
As posições descritas acima parecem contraditórias, mas trazem problemas para o desenvolvimento de um mercado novo, cujo futuro depende de escolhas feitas hoje. A necessária densidade e conhecimento técnico não impede que profissionais de diferentes origens façam ESG e protagonizem a agenda. Na realidade, dado seu caráter transversal, é inclusive recomendável uma abordagem inter e transdisciplinar.
Por isso, incentivo que colegas de outras áreas persigam seus planos de transição e passem a atuar com sustentabilidade. O caminho não é tão simples, mas recompensador. É um mercado que estamos criando "em tempo real" e que traz desafios amplos e diversos. Alguns espaços existem, outros precisam ser abertos, e precisamos de gente com diferentes qualidades e experiências – devidamente instrumentalizadas com conhecimento profundo – para fazer isso na velocidade necessária.
O sucesso dos objetivos de desenvolvimento sustentável, que (vale sempre lembrar) são críticos para o futuro da própria humanidade, depende de pessoas engajadas em sustentabilidade não só por vocação, mas também por profissão.
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