Erosão da coesão social e da polarização é o risco que cresce rapidamente (Getty Images/Reprodução)
Head da Beon - Colunista Bússola
Publicado em 31 de janeiro de 2023 às 10h50.
Última atualização em 13 de outubro de 2023 às 20h50.
Semana passada, trouxe alguns destaques da 18ª Pesquisa Global de Percepção de Riscos, do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês). Nesta edição, o levantamento produzido anualmente ouviu mais de 1.200 especialistas e líderes globais sobre suas percepções em relação aos principais riscos para sociedades, governos e empresas e teve como principal destaque a emergência de riscos mais complexos, urgentes e interconectados.
Contudo, o documento é muito rico e merece mais alguns comentários. Nos últimos anos, temos visto uma predominância de temas socioambientais nas listas de principais riscos mapeados pela pesquisa. Contudo, especialmente no curto prazo, aspectos econômicos e sociais - que afetam diretamente a vida material das pessoas - também se mostraram relevantes.
“As consequências econômicas do covid-19 e da guerra na Ucrânia provocaram uma inflação vertiginosa, uma rápida normalização das políticas monetárias e iniciaram uma era de baixo crescimento e baixo investimento”. Com esta análise, o WEF sintetizou as percepções que trouxeram o tema “custo de vida” para o primeiro lugar na lista de riscos mapeados para o curto prazo (dois anos).
Em um ambiente com quebra de confiança entre grandes potências, aspectos econômicos passam a fazer parte do jogo político internacional. As chamadas guerras econômicas deverão ser mais comuns nos próximos anos, com políticas econômicas sendo usadas defensivamente, para buscar autossuficiência, e ofensivamente para restringir a ascensão de rivais. Segundo o WEF, essa tendência “destacará as vulnerabilidades de segurança impostas pela interdependência comercial, financeira e tecnológica entre economias globalmente integradas, gerando risco de um ciclo crescente de desconfiança e dissociação (isolamento econômico)”.
Além disso, nos últimos anos, um dos riscos que tem crescido mais rapidamente em relevância é denominado “Erosão da coesão social e polarização”. Essa potencial crise tem relação com perda de capital social e rompimento de comunidades, que levam ao declínio da estabilidade social, bem-estar individual e coletivo e da produtividade econômica. Ela é uma das mais conectadas com outros temas, como crises de dívida e instabilidade do estado, crises de custo de vida e inflação, desaceleração econômica prolongada e migração climática.
Como visto também no ano passado, o componente social tem trazido preocupações com o crescimento das desigualdades e com a questão da justiça climática. Desta vez, tais vieses foram complementados com avaliações sobre o potencial da tecnologia agravar tal cenário. “A pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias emergentes continuarão em ritmo acelerado na próxima década, gerando avanços em IA, computação quântica e biotecnologia, entre outras tecnologias. Para os países que podem pagar, essas tecnologias fornecerão soluções parciais para uma série de crises emergentes, desde o enfrentamento de novas ameaças à saúde e uma crise na capacidade de assistência médica até o aumento da segurança alimentar e a mitigação do clima. Para aqueles que não podem, a desigualdade e a divergência crescerão”, diz o WEF.
Sobre crises humanitárias
Como já tratamos neste espaço e é válido lembrar, em sociedades que convivem com o flagelo da fome, não é possível existir desenvolvimento - tampouco sustentabilidade.
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