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Danilo Maeda: Os avanços e desafios da moda sustentável

É preciso estabelecer um padrão mínimo de condições para que todo o mercado se desenvolva a favor da economia circular

Segundo projeto da Fundação Ellen MacArthur as políticas públicas podem oferecer solução (Glasshouse Images/Getty Images)

Segundo projeto da Fundação Ellen MacArthur as políticas públicas podem oferecer solução (Glasshouse Images/Getty Images)

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Publicado em 1 de agosto de 2023 às 12h15.

Última atualização em 2 de agosto de 2023 às 11h13.

Por Danilo Maeda*

Uma das premissas para atuar em sustentabilidade é o entendimento de que todas escolhas e atitudes geram impactos. Das políticas públicas às estratégias corporativas. Dos acordos multilaterais à lista de compras para o supermercado. Nas grandes decisões, compromissos e metas e na forma como "gerimos" o guarda-roupa.

A indústria da moda é comumente apontada como uma fonte de grandes impactos ambientais e sociais. De fato, trata-se de um setor com  impactos relevantes na emissão de gases de efeito estufa, no uso de recursos naturais e com riscos sociais e trabalhistas nas cadeias de valor que precisam ser mitigados. Além disso, coloca em circulação um volume gigantesco de mercadorias, que ao final de seu ciclo de uso potencialmente contribuem para geração de resíduos que precisam ser tratados adequadamente.

Ação a favor da economia circular

Pensando nisso, a Fundação Ellen MacArthur criou em 2019 a Iniciativa de The Jeans Redesign, que estabeleceu um padrão mínimo para o setor criar e produzir peças alinhadas aos princípios da economia circular. As diretrizes abordaram critérios como durabilidade, rastreabilidade, reciclabilidade e utilização de materiais e processos seguros e foram adotadas pelas principais marcas do setor. 

Foi publicado recentemente um relatório com achados interessantes:

  • 70% dos participantes superaram desafios de design e inovação para atender às diretrizes do projeto;
  • Entre 2021 e 2023, 1,5 milhão de pares de jeans foram redesenhados por marcas para atender às diretrizes – três vezes mais do que em 2021. Uma em cada nove marcas redesenhou pelo menos 40% do seu portfólio de jeans;
  • Mais de ⅓ dos participantes aplicaram os princípios do design circular além dos jeans para outras peças de vestuário, incluindo jaquetas, camisas, bolsas e chapéus;
  • Mais de ⅔ dos participantes agora possuem modelos de negócios, ou oferecem serviços, projetados para manter os jeans em uso. Exemplos incluem serviços de aluguel, revenda e reparo.

Segundo a Fundação Ellen MacArthur, as descobertas do projeto destacam a necessidade de introduzir políticas públicas que criem condições equitativas como um padrão mínimo para todos os produtos. É uma forma de fazer a barra subir para todo o mercado. No caso, a barra das exigências por práticas responsáveis e não das calças – pois estas podem variar mais livremente (com o perdão pelo péssimo trocadilho).

Os autores também destacam que é fundamental que as políticas garantam o pagamento do verdadeiro custo das roupas – um custo que inclui aqueles relacionados às mudanças climáticas, poluição e perda de biodiversidade. Em outras palavras, internalizar as externalidades.

Em suma, na moda e em outros segmentos a diferença entre ser parte do problema ou da solução reside em uma execução diligente de um compromisso firme com o desenvolvimento sustentável e no engajamento contínuo para transformar em regra os bons exemplos que começam como exceções ou provas de conceito.

*Danilo Maeda é head da Beon, consultoria de ESG da FSB Holding

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