No último sábado, o Cristo redentor apresentou um relógio com a contagem regressiva até a próxima catástrofe ambiental (Alex Livesey - FIFA/Getty Images)
Head da Beon - Colunista Bússola
Publicado em 25 de julho de 2023 às 15h00.
Última atualização em 13 de outubro de 2023 às 20h43.
No último sábado, dia 22 de julho, o Cristo Redentor foi utilizado para projetar um relógio com a contagem regressiva de um prazo curto e crítico para a humanidade. O tempo disponível para frear as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e conter o aquecimento global nos níveis previstos pelo acordo de Paris é de apenas 5 anos e 364 dias.
A projeção feita em um dos principais pontos turísticos do Brasil chama atenção para um cálculo que considera a taxa média anual de emissões de GEE e os cortes necessários para o planeta permanecer abaixo do limite seguro de 1,5°C de aumento na temperatura média. O limite é importante porque a partir dele as consequências das mudanças climáticas se tornarão ainda mais catastróficas. Ultrapassar esta marca representa a diferença entre morrerem 70% ou 99% dos recifes de coral, 1 metro adicional na elevação do nível do mar (afetando 16 milhões de pessoas) e eventos climáticos extremos mais frequentes e de maior gravidade.
Como forma de promover conscientização sobre a urgência e relevância do tema, o Instituto Talanoa, em conjunto com outras organizações da sociedade civil, trouxe para o Brasil a ação do Relógio do Clima, que projetou no Cristo Redentor o prazo disponível para conter o aquecimento global antes que ele ultrapasse os 1,5ºC e as catástrofes climáticas se tornem ainda piores. A ação aconteceu em 22 de julho de 2023 porque a partir desta data, batizada de “Dia da Emergência Climática”, temos menos de seis anos para agir antes que seja tarde demais. A ação foi iniciada em 2020 (quando o relógio marcava 7 anos e 102 dias) e já passou por várias grandes cidades, como Londres, Roma, Seul, Tóquio, Pequim e Nova York.
Como ao invés de cair as emissões globais de GEE continuam subindo, a tendência atual é que o relógio continue em contagem regressiva. Contudo, se conseguirmos reverter tal tendência, podemos ganhar mais tempo para o clima no planeta - e para as pessoas que nele habitam. Poucas coisas são tão urgentes quanto isso.
Segundo o relatório mais recente do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU), a temperatura global da superfície terrestre aumentou mais rapidamente desde 1970 do que em qualquer outro período de 50 anos durante os últimos 2000 anos. Para evitar que seja ultrapassado o limite de 1,5ºC estabelecido no Acordo de Paris, as emissões de gases de efeito estufa devem ser reduzidas de forma profunda, rápida e sustentável em todos os setores. Isso significa cortar as emissões globais pela metade até 2030 [48%] e em 99% até 2050.
Parece alarmista (e de fato é, com razão). Mas o importante é que ainda há tempo para reverter o cenário. Para isso, precisamos acelerar a transição para uma economia regenerativa. Precisamos rever os compromissos assumidos e torná-los mais ambiciosos, acelerar os mecanismos de implementação, ampliar o financiamento para transição, gerir impactos sociais em temas como segurança alimentar e migração, fornecer acesso a água e outros recursos naturais. Tudo isso para ontem.
*Danilo Maeda é head da Beon, consultoria de ESG da FSB Holding
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