Tanto Lula quanto Bolsonaro recolheram algumas notícias reconfortantes nestes dias (Miguel Schincariol/Evaristo Sá/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2021 às 15h05.
Última atualização em 24 de maio de 2021 às 16h26.
Todas as pesquisas, com variações, algumas ensaiando serem ponto fora da curva, dizem a mesma coisa. Há certo equilíbrio entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro no primeiro turno e o petista abre vantagem no segundo, pois traz para ele a maioria das intenções de voto dos demais candidatos.
Alguns levantamentos informam também que caso um terceiro nome consiga ser a única opção aos líderes da corrida parte de algo entre 10% e 15%. Não é de todo ruim, mas enfrentaria batalha morro acima, vindo a depender da desconstrução de pelo menos um dos ponteiros. Ou seja, se ambos resistirem à demolição, ganham a vaga na decisão.
Isso pode parecer o óbvio ululante, mas até dias atrás a narrativa era outra. Para calcular o suposto potencial da terceira via deduziam-se do total do eleitorado as intenções de voto no atual presidente e no ex. Daí concluíam estar a sociedade brasileira ansiosa por uma “alternativa aos extremos”. Nada melhor que os números para checar a consistência disso.
Bem, se o caminho para Lula e Bolsonaro é evitar a demolição, será que os movimentos recentes de ambos fazem sentido à luz dessa necessidade? Sim. Cada um está tomando as providências para fechar seu respectivo flanco. Lula, por exemplo, capricha nas fotos com ex-adversários que podem conferir a ele a certificação de "político moderado".
Já Bolsonaro capricha no cultivo de sua base fiel. O bom+ótimo dele nas pesquisas deslizou para a casa dos 25%, mas o “aprova” mantém-se no até agora inabalável terço do eleitorado que vem com ele desde o primeiro turno da eleição. Isso é um passaporte para o segundo turno, e antes disso protege-o dos mísseis apontados a partir das sessões da CPI da Covid-19.
Tanto Lula quanto Bolsonaro recolheram algumas notícias reconfortantes nestes dias. O ex-presidente viu que sua rejeição, apesar de alta, não tem dimensão para inviabilizá-lo. E é sempre melhor estar na frente nas pesquisas. É como no futebol: se 2 a 0 é placar perigoso para quem está ganhando, imagina para quem está perdendo.
Já o atual ocupante do Planalto tem visto as projeções econômicas ganharem cores mais otimistas, ou menos pessimistas. Mas há uma luz amarela piscando: o rebote para cima da curva de casos de covid e uma certa tendência da curva de mortes desacelerar a queda, sempre considerando as médias móveis. E as UTIs voltaram a ficar algo pressionadas.
Um alívio, talvez momentâneo, para o governo é a CPI até agora não ter chegado no presidente. Essa é uma variável e tanto. Em 2005-2006, as acusações do então deputado Roberto Jefferson desencadearam um terremoto político de muitos graus e provocaram um tsunami que colheu o PT. Mas no tribunal das urnas Lula reelegeu-se.
Qual será o tema condutor da eleição de 2022? A pandemia? A economia? A corrupção? Façam suas apostas. Os líderes e os candidatos a quebrar a dualidade têm pontos fortes e fracos em cada um desses temas. Eu apostaria que os dois últimos assuntos vão despertar mais interesse do eleitor.
* Alon Feuerwerker é analista político da FSB Comunicação
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