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Cuidado: infodemia no pico!

Especialista em comunicação digital analisa estudo que mostra maior engajamento de usuários do Facebook com notícias falsas e informações distorcidas

 (Chesnot/Getty Images)

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Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 13 de outubro de 2020 às 21h51.

Última atualização em 14 de outubro de 2020 às 08h33.

O jornalismo nunca foi tão falso e distorcido. Na melhor das hipóteses, nunca foi tão distorcido. Nas redes sociais. Mais especificamente, no Facebook. A origem dessa afirmação está baseada em dados do projeto Digital New Deal, do German Marshall Fund dos Estados Unidos, publicado ontem, 12 de outubro. Hoje as pessoas estão se engajando mais no Facebook com veículos de notícias que publicam desinformação do que antes da eleição de Trump, em 2016.

No total, curtidas, comentários e compartilhamentos de artigos de veículos de notícias que publicam fake news (informação inventada) e conteúdo enganoso (onde ele é distorcido) praticamente triplicaram do terceiro trimestre de 2016 para o mesmo período de 2020.

facebook

Mudança percentual nas interações desde o terceiro trimestre de 2016 (Divulgação/Divulgação)

Isso mesmo. Ainda que as plataformas tenham anunciado medidas para combater essa tendência com uso de inteligência artificial e curadoria humana. E, mesmo que muitas páginas tenham sido banidas do Facebook, a desinformação alcança, neste momento, um dos seus piores números. E o mais estarrecedor é que, segundo a pesquisa, apenas dez sites enganosos são responsáveis por 62% das interações. Ou cerca de dois terços de tudo. Entre eles estão o Palmer Report e o The Federalist, de acordo com a pesquisa.

Não são 10 milhões de sites. São 10. Fica a questão: porque o Facebook não consegue olhar isso? E tem mais. Durante o pico da pandemia, as interações com artigos de todos os sites de notícias - incluindo os que atendem aos padrões jornalísticos adotados na pesquisa - aumentaram muito, como já vimos em várias pesquisas (segundo a Kantar Ibope Media, mais de 50% na TV por assinatura e 22% na aberta). Mas, enquanto as interações com artigos de sites enganosos continuam em alta (no 3º. trimestre de 2020), nos veículos jornalísticos de credibilidade elas caíram e voltaram a seus níveis pré-pandêmicos.

Para a pesquisa, foram analisados dois tipos de sites. Os “False Content Producers”, que publicam fatos comprovadamente falsos, e os “Manipulators”, que falharam em coletar e apresentar informações de forma responsável, com alegações que não são apoiadas por evidências ou de forma clara distorcem ou deturpam informações noticiosas. Não são fakes. Distorcem.

O Digital New Deal Project fez o estudo em parceria com o NewsGuard, um serviço não partidário que avalia sites de notícias e informações por sua confiabilidade, e com a empresa de inteligência de mídia social NewsWhip para medir e comparar a disseminação de artigos de sites enganosos no Facebook. Você pode ver mais detalhes aqui.

É infodemia. Grave. E não tem, pelo que se vê, nenhuma “vacina” na fase 3.

 * Sócia-diretora Digital&Inovação da FSB Comunicação

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