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Como anda a saúde financeira do seu colaborador?

66 milhões de brasileiros estavam endividados em 2022, marcando assim um novo recorde

Analisar o balanço das empresas é uma forma eficaz de identificar companhias sólidas, com bons fundamentos e saúde financeira em dia; veja como fazer (Getty Images/Getty Images)

Analisar o balanço das empresas é uma forma eficaz de identificar companhias sólidas, com bons fundamentos e saúde financeira em dia; veja como fazer (Getty Images/Getty Images)

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Publicado em 8 de fevereiro de 2023 às 19h30.

No ano passado, a inadimplência bateu um recorde. Foram registrados mais de 66 milhões de brasileiros endividados, segundo a Serasa Experian. A soma das dívidas chega a R$ 278,3 bilhões, uma média de R$ 4.179,50 por dívida. O segmento de bancos e cartões são os responsáveis pela maioria dos débitos, 28,2% do total. Depois, vêm as contas básicas como água, luz e gás, com 22,7%. Em terceiro lugar ficam os setores de varejo e financeiras, com 12,5% cada um.

Os números são preocupantes e nos dão um panorama de como anda o bolso da população. Infelizmente não dá para negar que somos o país dos endividados e que a pobreza que vemos se instalar em várias regiões está camuflada na quantidade de dívidas que uma pessoa consegue fazer.

Os impactos desse endividamento são enormes. De acordo com uma pesquisa da Kantar Ibope, 74% das pessoas acreditam diretamente que isso interfere na saúde mental e 81% relatam ter sintomas de preocupação como ansiedade e depressão devido a sua situação financeira.

Não é para menos. Viver com dívida pode se tornar algo totalmente estressante e é o corpo que padece com isso, já que, no ambiente corporativo, observamos um aumento de colaboradores que pedem para trabalhar mais, receber horas extras, adiantar salários ou até mesmo querem perder alguns dias na empresa para resolver essa questão.

Durante o mês de outubro de 2022 realizamos uma pesquisa com os nossos colaboradores para descobrirmos o perfil e o cenário de crédito que eles se encontram. Ficamos surpresos com os resultados. Mais de 3 mil pessoas utilizaram nossos parceiros de crédito e 71% deles estão com sentimentos de preocupação, medo, desespero e fracasso com sua situação financeira. Além disso, 42% relataram que com a falta dinheiro, priorizaram compras ou pediram dinheiro emprestado para poder pagar dívidas.

Isso só mostra que as pessoas não sabem empregar de maneira correta o salário que recebem. Falta uma educação financeira eficiente que os ajudem a usar o dinheiro de maneira consciente.

Mas esta não é uma constatação só minha. Tenho visto vários executivos preocupados com essa questão e que estão abertos a falar sobre saúde financeira com seus colaboradores, mesmo sendo um tema difícil. Afinal, não podemos continuar da maneira que estamos.

O papel das empresas

Os colaboradores recebem um valor pelo trabalho que exercem. No entanto, talvez empreguem esse dinheiro de maneira errada e é aí que começa o endividamento, que vai virando uma verdadeira bola de neve.

Por mais que as companhias estejam dispostas a fazerem uma remuneração compatível com o mercado, ofereçam benefícios, planos de carreira, ela também precisa trazer uma educação financeira eficiente, que mostre para as pessoas como lidar com os seus ganhos por meio de mudanças de comportamento.

A implementação de um programa focado em mostrar para os colaboradores como fazer bom uso do dinheiro traz benefícios tanto para a companhia, que terá funcionário muito mais motivados e produtivos,  quanto para as pessoas, que conseguirão se organizar melhor e tomar decisões mais assertivas em relação a suas finanças.

Não podemos ignorar a importância da empresa em ter um relacionamento estreito com seus colaboradores e entender que se uma parte não vai bem a outra também não ficará. Por isso, falar sobre um assunto necessário para todos é uma questão de extrema urgência em nossa atualidade.

A educação financeira leva as pessoas para outro patamar, fazendo com que tenha estabilidade. Sem dor de cabeça por conta de dinheiro, é possível ter uma vida mais tranquila. Torço para que mais empresas ajudem seus colaboradores a gerirem o dinheiro. Não podemos fechar nossos olhos para o que estamos vivendo sobre endividamento. Trabalhar finanças no ambiente corporativo pode ajudar as pessoas a evoluírem na sua gestão  pessoal e consequentemente na sua qualidade de vida.

*Éric Garmes é cofounder da Paschoalotto

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