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Como a paridade de gênero nas Olimpíadas e o sucesso das Paralimpíadas inspiram mudanças sociais

A paridade numérica de gênero nos Jogos Olímpicos e o recorde de medalhas nos Paralímpicos podem inspirar ações de longo prazo dentro e fora das empresas? Confira o artigo de Sue Ellen Durães 

Reprodução: Comitê Paralímpico Brasileiro (Comitê Paralímpico Brasileiro/Reprodução)

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Publicado em 19 de setembro de 2024 às 10h00.

Por Sue Ellen Durães, diretora de vendas da Teads no Brasil

Durante as últimas semanas, atletas amadores, torcedores ocasionais e até quem não tem qualquer afinidade com o esporte abriu espaço na agenda para acompanhar os Jogos Paralímpicos de 2024.

Todos comentaram notas e movimentos treinados anos a fio, cogitaram conspirações contra os brasileiros, criaram expectativas e se emocionaram com demonstrações de dedicação suprema e, não raro, de extrema superação. 

Fato, fabricantes de lenços de papel garantiram ROI comigo e os motivos foram tão numerosos quanto o de medalhas dos atletas olímpicos e paralímpicos.

E o que possibilitou toda essa emoção?

O inédito 5º lugar do Brasil tem explicação, e foi possivel graças à:

  • Luta contínua por espaços legítimos 
  • Aplicação de métodos de gestão pelo Comitê Paralímpico Brasileiro, 
  • Evolução dos centros de treinamento, 
  • No apoio da torcida

Ainda, é inegável o papel de políticas de financiamento como:

  • A Lei Agnelo/Piva, que destina recursos das loterias para o esporte. 
  • A Lei de Incentivo ao Esporte, que permite renúncia fiscal por parte de empresas e pessoas físicas para beneficiar projetos esportivos. 
  • A Bolsa Atleta, que garante remuneração direta aos atletas, caso dos 98% dos atletas brasileiros nos Jogos Paralímpicos deste ano que contam com este apoio.

Não faltaram exemplos do paradesporto de esforços descomunais para a conquista de objetivos. 

O que é preciso para continuar a evolução?

Como cidadãos e profissionais ligados a marcas, é mandatório atuarmos de forma sistêmica para transformar um país que impõe barreiras físicas e morais às atividades mais simples do dia a dia de pessoas com deficiência e tem muito a evoluir em acessibilidade sob os mais diversos ângulos.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2022 mostra que 8,9% da população brasileira, cerca de 19 milhões de pessoas de 2 anos ou mais, têm algum tipo de deficiência. 

Os próximos saltos do paradesporto dependem de seu desenvolvimento descentralizado desde a base, menor dependência de (heróicas) ONGs, evolução das políticas públicas e maior apoio de políticas privadas. 

Em outras palavras, há oportunidade e necessidade para que as empresas entrem no jogo paralímpico tão intensamente quanto o fazem com o olímpico.

E os avanços puderam ser vistos já durante as Olimpíadas

Em relação às Olimpíadas, foram necessários cem anos para a celebração de outra conquista histórica: 50% de mulheres, reflexo de um longo e inacabado processo em direção à equidade de gênero

Ano após ano, mais mulheres participaram dos jogos olímpicos e inspiraram mais e mais meninas a acreditarem que o esporte é sim espaço de presença e de visibilidade do profissionalismo, da força e da determinação feminina.

A questão chave é que simplesmente aumentar o número de mulheres ou de pessoas com deficiência em Paris, em Los Angeles daqui a quatro anos ou mesmo nas empresas, não nos fará evoluir como sociedade. 

É entendendo e acolhendo as diferenças que o poder transformador destas forças motrizes cumprirá plenamente seu papel. Dois exemplos ilustram bem este ponto. 

Allyson Felix

Em novembro de 2018, meses após dar à luz em uma cesárea de emergência, Allyson Felix, uma das velocistas mais bem-sucedidas da história do atletismo mundial e uma das vozes mais potentes na luta por direitos iguais e melhores condições para atletas grávidas e mães, superou o número de medalhas de Usain Bolt. 

Em Paris, unida a uma comissão de mães atletas e com o patrocínio de uma marca de fraldas, Allyson pilotou a instalação inédita de um berçário para amamentação e convívio com filhos na Vila Olímpica. 

Eu sei, parece óbvio, mas finalmente o processo de mudança de mentalidade em todo o setor esportivo e a luta por ambientes mais justos e inclusivos ganhou representação.

Jodie Grinham

Ao se tornar a primeira gestante a subir ao pódio e conquistar o título de campeã paralímpica, a britânica Jodie Grinham, 31 anos, fez história e cumpriu seu objetivo pessoal de conciliar os papéis de mãe e atleta paralímpica.

Quando me tornei mãe, não deixei de ser uma profissional de publicidade comprometida com clientes e resultados. Em realidade, ser mãe me fez melhor, muito mais objetiva e ainda mais aguerrida.

Meus filhos me inspiram todos os dias a lutar para que as situações desafiadoras (por vezes constrangedoras) que vivi, e os comentários insensíveis que ouvi sobre um dos maiores privilégios que a vida pode proporcionar, fiquem de uma vez no passado. 

Hoje, em posição de liderança e com mais ferramentas, acolho com alegria meu compromisso de contribuir para a construção de ambientes verdadeiramente inclusivos para quem já está e os que ainda entrarão no mercado de trabalho.

O dever do olhar atento, do agir com empatia, do fazer diferente e melhor para que equidade e acessibilidade deixem de ser pauta porque se tornaram realidade, é da Allyson, da Jodie, meu, de mulheres e homens, das Marcas e – adivinhe –, seu.

Se as muitas provas da capacidade humana de superar recordes e limitações virarem inspiração permanente para práticas individuais e empresariais, então os Jogos de Paris terão deixado o maior legado de todos.

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