A indústria de energia renovável é aposta de investidores (Sergio Cardoso/Exame/Divulgação)
Bússola
Publicado em 12 de janeiro de 2023 às 12h00.
Por Vinicius Gibrail*
Após a energia solar alcançar 23,9 GW de capacidade instalada no Brasil, sendo agora a segunda maior fonte da matriz energética no país, e considerando a discussão que pautou a 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, a COP27, ficou claro que a indústria de geração de energia renovável é uma grande aposta e isso só deve se intensificar nos próximos anos com a corrida pela transição energética para fontes sustentáveis. No Brasil, por exemplo, só a energia solar já trouxe mais de R$ 86,2 bilhões em novos investimentos, R$ 22,8 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 479,8 mil empregos acumulados desde 2012; além de diminuir a emissão de CO2 no valor equivalente de R$ 23,6 milhões.
Com isso, novas oportunidades de trabalho estão surgindo nessa área, os chamados green jobs, ou empregos verdes, trabalhos relacionados à produção de bens e prestação de serviços com foco na conservação e proteção dos recursos naturais ou redução de seu uso. Ou seja, praticamente todas as profissões são aptas para os green jobs, visto que essa indústria movimenta inúmeras empresas de diferentes setores. Isto é, todas as funções, desde engenharia até atividades administrativas são contempladas nos green jobs. Mas você sabe como funciona esse mercado?
Visão geral
O Brasil tem atualmente mais de 6,5 milhões de empregos ligados a setores ambientais, como os que gerenciam os recursos hídricos, esgoto e resíduos, silvicultura e transporte. Somados, eles já representam mais de 6% do total de empregos no Brasil, segundo revela um estudo realizado pela Universidade de São Paulo. A previsão é de que esse número continue aumentando à medida que cresce a demanda dos setores produtivos globais por serviços e produtos ecologicamente corretos na tentativa de frear as consequências mais graves da crise climática em curso.
Atualmente, muito do crescimento do setor verde pode ser atribuído à iniciativa privada. Tanto por meio de tecnologias inovadoras, voltadas para diminuir o impacto da produção no meio ambiente, quanto com a criação de metas e estratégias de redução de emissões de resíduos e gases poluentes dentro das empresas. Além disso, há também uma pressão internacional por mais preocupação com a sustentabilidade, desde os processos de produção até os próprios produtos e serviços vindos do Brasil.
Essa corrida para tornar o mundo um lugar mais sustentável faz com que se incorporem novas práticas aos processos produtivos de todas as empresas, a fim de reduzir os impactos negativos ao meio ambiente e mostrar como estão sendo conservados os recursos naturais do país.
Segmentos verdes
Um estudo elaborado pelo LinkedIn, o Global Green Skills Report 2022, mostra que os cinco empregos verdes com maior crescimento atualmente são: gerente de sustentabilidade (30%), técnico de turbinas eólicas (24%), consultor solar (23%), ecologista (22%), especialista em saúde e segurança ambiental (20%).
Ao almejar vagas nesse segmento, já estão sendo requeridas "habilidades verdes”, exigidas em 10% dos anúncios de emprego em 2021, segundo o relatório. Ou seja, habilidades que possam ajudar a conquistar metas de sustentabilidade por meio das atividades econômicas.
O Brasil é considerado o sexto país onde os colaboradores mais aplicam habilidades verdes em seus empregos.
Contudo, os pesquisadores apontam que houve uma queda acentuada nos empregos verdes no setor de geração e distribuição de energia renovável. Esse resultado tem um gosto amargo quando se considera o potencial que um país como o Brasil poderia ter na geração de energia renovável, como a solar, por exemplo. Mas isso está para mudar em 2023!
Projeção de crescimento e novas oportunidades
Embora a expansão esteja abaixo do que poderia estar, há um crescimento considerável no número de empregos verdes no Brasil e no mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o número de empregos verdes aumentou 237% nos últimos cinco anos. Por isso, uma melhor estratégia de investimento em fontes renováveis, aliada aos incentivos especiais e redução de custos de novos projetos, pode ser um grande impulso para direcionar o Brasil para o crescimento desse segmento como consequência do aumento de uma economia de baixa emissão de carbono com menor degradação ambiental.
Uma recuperação verde pode gerar uma economia mais forte no país e uma vantagem competitiva no exterior. Segundo algumas previsões, uma recuperação econômica verde permitiria, de fato, que a economia brasileira crescesse mais do que o normal na próxima década. Os benefícios recém identificados podem incluir um aumento de mais de 2 milhões de empregos até 2030 – quatro vezes mais empregos do que os já existentes na indústria brasileira de petróleo e gás. Esses empregos resultariam do investimento em infraestrutura de qualidade, tecnologias de baixo carbono e transição para a agricultura de baixo carbono.
De forma mais geral, há muito potencial de crescimento com incentivos fiscais para empresas que desenvolvam projetos ambientalmente sustentáveis e com a criação de uma legislação trabalhista ambientalmente correta e responsável. Além disso, outra grande contribuição para o impulsionamento de green jobs seria a criação de crédito para empresas que possam investir em tecnologias verdes e empregar mais trabalhadores. De qualquer forma, esse tipo de discussão já é um passo significativo para o Brasil em direção a um caminho mais verde!
Para aqueles que também estão engajados em fazer parte dessa transformação e buscam uma nova chance com os green jobs, sintam-se muito bem-vindos pois esta área irá crescer cada vez mais em volume de oportunidades, tendo em vista o cenário mundial atual que busca se desenvolver cada vez mais sem deixar de lado a sustentabilidade. É uma área muito promissora e que deverá oferecer bons salários em 2023.
*Vinicius Gibrail é diretor geral da Array STI Norland Brasil
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