Embrapa registrou mais de mil agtechs. (Bloomberg Creative/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2021 às 14h59.
Última atualização em 18 de junho de 2021 às 16h55.
Por Paulo Humaitá*
A Cúpula do Clima iluminou ainda mais a causa ambiental versus negócios. O Brasil se comprometeu a diminuir em 43% as emissões de dióxido de carbono e a zerar o desmatamento ilegal, ambos até 2030. Ao buscar o cumprimento dessas metas, além de beneficiar nossos pulmões, podemos desenvolver boas oportunidades de inovação na convergência entre tecnologia e sustentabilidade no agronegócio brasileiro, uma tendência alinhada com modernas práticas de governança e modelos de impacto social e ambiental (também conhecida como Governança Ambiental, Social e Corporativa, ou ESG).
O PIB da agropecuária brasileira cresceu mais de 24% em 2020. Somos uma economia capaz de alimentar 800 milhões de pessoas no mundo, como revelou um recente estudo da Embrapa. Para o celeiro do mundo continuar sustentável e lucrativo, a tecnologia é mandatória. Muitas empresas sólidas podem olhar as startups e entender como este ecossistema pode colaborar, modernizar e criar possibilidades para problemas antigos e para os novos que irão surgir.
Ao passo que a tecnologia já tem ajudado o Brasil na produtividade e em destinos mais nobres para os resíduos do campo, a inovação aberta, ou seja, promover ideias, pensamentos, processos e pesquisas, a fim de desenvolver produtos, serviços e processos, é a colaboração da tradicional empresa do mercado a uma startup para obter resoluções sustentáveis e tecnológicas. Afinal, o futuro não é apenas de quem se adapta melhor, mas também de quem colabora mais.
Para ir muito além dos drones nas plantações, as agtechs, como são chamadas as startups que criam soluções e promovem a inovação no agronegócio, precisam de investimento e, mais que isso, que, o caminho entre o problema, oriundo pela empresa, e a solução, gerada pela startup, seja mais curto. Participar de programas de inovação aberta é um ganha-ganha para os dois lados.
Como CEO de uma aceleradora, percebi que tanto a companhia quanto a startup, precisam e somam-se um ao outro. No processo de inovar, a empresa que participa pode dividir suas expertises, sabendo o que vai dar certo e o que não vai funcionar, enquanto a startup aplica isso no projeto oferecendo mais assertividade ao produto final. A startup pode oferecer para a empresa sua metodologia, seus planos, podendo fazer negócios entre as partes. Juntas, uma grande empresa e uma startup podem fazer mágica e resolver relevantes desafios da inovação responsável (responsible innovation).
Há um tabu sobre compartilhar conhecimentos com uma outra empresa. Eu digo que existem estratégias que podem ser compartilhadas, especialmente em âmbito pré-competitivo. É importante que a solidez no mercado, especialmente em época de "vacas gordas" não afaste uma empresa consolidada de modernizar e inovar. Os muros sempre vão existir em uma corporação, mas temos que mantê-los baixos. Com ciclos econômicos cada vez mais curtos, sem colaboração não há inovação. A indústria carece de novos conhecimentos, é um erro pensar que o sucesso das nossas lavouras e pastos não pode ser palco para novas tendências.
Para ter sustentabilidade, solução que será cobrada das empresas, não só agora, mas para sempre, é necessário sair na frente enquanto temos recursos e um mercado global. A melhor hora para investir em inovação no agronegócio é agora e inovação aberta é a solução.
No último ano, a Embrapa constatou que 1.125 agtechs foram registradas e outras se formam todos os dias. Ser uma empresa que participa desse processo e aproveitar essa jornada é mais que inovar, é ser experiente e participar do futuro. O mundo olha para o Brasil, temos que lavrar a terra preparando um solo mais fértil para as startups no campo.
*Paulo Humaitá é fundador e CEO da Bluefields
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