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Com 149.085 casos de covid, número de mortos pela ômicron preocupa

Terceira onda de covid-19: escalada da ômicron pressiona hospitais e já produz aumento no número de mortos

Número de mortos tem crescimento bem inferior ao aumento de casos, mas a tendência preocupa (Amanda Perobelli/Reuters)

Número de mortos tem crescimento bem inferior ao aumento de casos, mas a tendência preocupa (Amanda Perobelli/Reuters)

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Publicado em 24 de janeiro de 2022 às 15h42.

Última atualização em 24 de janeiro de 2022 às 17h02.

Por Marcelo Tokarski*

A chegada da variante ômicron mudou as características da pandemia de covid-19 no Brasil. Apesar de a nova cepa ser muito mais contagiosa do que as anteriores, o fato de sete em cada dez brasileiros estarem imunizados com pelo menos duas doses de alguma vacina fez com que a letalidade proporcional da pandemia caísse brutalmente, apesar da disparada no número de novos casos registrados.

Neste domingo, o Brasil atingiu uma média móvel de 149.085 casos por dia. Na comparação com duas semanas atrás — cálculo utilizado pelos epidemiologistas para saber se a curva está em aceleração, estabilidade ou declínio —, o crescimento é de impressionantes 352%. O patamar atual já é quase duas vezes superior ao pior momento da pandemia, quando em 23 de junho do ano passado a média móvel de casos havia atingido 77.328 registros diários.

A peculiaridade desta nova onda é que o número de mortes não tem acompanhado o mesmo ritmo de crescimento. Nas duas primeiras ondas, em 2020 e 2021, bastavam duas semanas de alta nos casos para que a curva de óbitos começasse a subir mais ou menos em proporção igual. Agora, a média móvel de infectados cresce desde o Natal — exatamente um mês —, mas com uma alta bem mais tênue no número de mortes. Pelo menos até aqui.

A questão é que nas últimas duas semanas alguns dados começaram a preocupar. Em algumas cidades e estados do país, a taxa de ocupação de leitos de UTI voltou a subir. E por que isso está ocorrendo, se a maioria das pessoas está vacinada e a ômicron é menos agressiva que as variantes anteriores?

É uma conta simples: no auge da segunda onda, no ano passado, chegamos a ter em média pouco mais de 77 mil casos por dia. Se 2% desses precisassem de internação, seriam 1.540 pessoas internadas por dia. Agora, com 149 mil casos por dia, se 1% precisarem de internação (metade da proporção anterior), estaríamos falando em 1.490, ou quase a mesma quantidade.

Mortes

Com o aumento das internações, também nas duas últimas semanas a média diária de mortes começou a dar sinais de aceleração mais intensa. No feriado do Natal, quando a ômicron começou a se espalhar com maior intensidade, essa média estava em 96 óbitos diários. Até 9 de janeiro, subiu para 121, uma alta de 26%. Mas desde então o indicador saltou para 293 mortes por dia, um crescimento de 142% em duas semanas. Ainda é um crescimento bem inferior ao aumento no número de casos, mas a tendência preocupa.

Em algumas grandes cidades, a taxa de transmissão (Rt) já têm chegado a picos de 2,5. Significa dizer que cada 100 pessoas infectadas contaminam outras 250. No pico da segunda onda, no ano passado, o Rt bateu em 1,6. Quando o indicador está abaixo de 1,0, significa que a pandemia está caindo (o Rt era de 0,9 no início de dezembro). Quando está acima de 1,0, indica que a pandemia está acelerando. E o ritmo de contágio nunca foi tão grande como agora.

As próximas semanas serão decisivas. Se o contágio continuar tão acelerado, é provável que os hospitais fiquem mais sobrecarregados, possivelmente levando a um aumento ainda mais significativo no volume de mortes. Por isso é importante que, mesmo sem medidas restritivas de circulação nas cidades, as pessoas redobrem os cuidados, utilizem máscaras em locais fechados e abertos, evitem aglomerações e compromissos que não sejam inevitáveis.

A ômicron parece ser bem menos letal, mas seu amplo contágio traz embutido a ameaça de hospitais lotados novamente, inclusive para quem precisar de outros tipos de atendimentos, como vítimas de infartos ou de acidentes automobilísticos. O Brasil precisa desacelerar a curva de contágio para evitar um novo cenário de caos na saúde.

*Marcelo Tokarski é sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa e da FSB Inteligência

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.

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