Precisamos manter o planeta saudável (anyaivanova/Thinkstock)
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Publicado em 30 de maio de 2023 às 14h30.
Por Claudia Elisa Soares*
O superaquecimento do planeta é uma das pautas climáticas mais debatidas nos últimos anos, e o Acordo de Paris, assinado na COP21, em 2015, foi um marco na jornada de conscientização sobre o tema.
O compromisso foi aprovado por 195 países que se comprometeram a diminuir emissões de gases de efeito estufa, com o objetivo de fortalecer a resposta global à ameaça das mudanças climáticas.
E, para minimizar os impactos ambientais a longo prazo, uma das soluções mais recomendadas por especialistas é a transição energética, que propõe uma transformação na forma de produzir e consumir energia, tornando-a menos poluente.
Mas até que ponto podemos realizar esta adaptação sem comprometer a segurança energética de um país? Quais seriam as soluções viáveis?
Antes de qualquer resposta, é importante compreender o que é a transição energética: trata-se da passagem de uma matriz energética focada em combustíveis fósseis para uma com baixa ou zero emissões de carbono, baseada em fontes renováveis.
A evolução desta transição pode gerar efeitos colaterais, como mencionado no artigo "Os mitos da energia estão desencadeando uma nova era das trevas na Europa", escrito por Brian Gitt e publicado no site da Real Clear Energy.
Gitt é conhecido por sua visão controversa sobre políticas e estratégias de sustentabilidade, despertando a ira de uns e a admiração de outros. Mas é inegável que sua capacidade de questionar assuntos considerados intocáveis é positivo para chegarmos às melhores soluções para o meio ambiente.
No artigo citado, ele usa como exemplo a real crise energética enfrentada pela Europa, com fábricas interrompendo as operações devido ao aumento dos preços de energia, famílias desembolsando 50% a mais pelo aquecimento de suas casas e o continente desestabilizando sua posição política por ter se tornado dependente da Rússia para o gás natural.
Segundo Gitt, existem 6 mitos sobre energia que precisam ser considerados nas discussões em torno do tema.
Para o autor, embora haja potencial a ser explorado nessas energias, o mundo está muito distante de ser capaz de fabricar, implantar e manter essa energia com eficiência. Além disso, ele ressalta que as maiores reduções de emissões nos últimos 15 anos foram devidas à mudança do carvão para o gás natural, o qual produz apenas 10% dos poluentes atmosféricos e somente 50% do gás carbônico que o carvão emite.
Em um dos pontos mais polêmicos apontados por Gitt, ele cita que somente 200 pessoas morreram expostas à radiação de acidentes nucleares em mais de 60 anos. Neste sentido, ele aponta que a energia nuclear é a maneira mais segura e confiável de gerar eletricidade com baixas emissões.
Neste tópico, o autor indica que a energia nuclear é a única fonte de energia que evita que os resíduos entrem no meio ambiente. O exemplo utilizado é o dos Estados Unidos, onde todo o combustível nuclear gerado está contido com segurança e pode caber em um único campo de futebol empilhado a menos de 10 metros de altura. Além disso, o combustível nuclear utilizado não é estritamente lixo, sendo que mais de 90% de sua energia potencial ainda permanece no combustível, mesmo após cinco anos operando em um reator.
Os veículos elétricos (EVs) são os mais almejados do momento, pois surgiram como alternativa benéfica ao meio ambiente. Porém, os EVs não eliminam as emissões, que só são transferidas do tubo de escape para a usina. A lógica é simples: se a fonte de alimentação estiver suja, o automóvel também estará.
Outro ponto alertado por Gitt é que na China são aguardadas mais de 50% de novas vendas de veículos elétricos, onde a maioria das usinas é movida a carvão, a alternativa de fonte de energia mais suja.
No meu entendimento, há muito hype e pouco debate sobre a produção dos carros elétricos e sua utilização. Antes de massificá-lo, é necessária uma profunda análise de seu ciclo de vida, considerando a jornada do berço ao túmulo, para que sua entrada no lugar dos veículos movidos a combustíveis fósseis não seja “elas por elas”.
Algumas perguntas necessitam respostas, como:
ESG é um assunto necessário, complexo, perene e repleto de nuances. Por isso é importante aprofundarmos o debate, incluindo os contrapontos (como esses citados no artigo de Gitt) que precisam ser analisados para que as ações relacionadas ao futuro do meio ambiente e do planeta sejam bem desenvolvidas e realmente efetivas.
*Claudia Elisa Soares é especialista em ESG e transformação de negócios e líderes e conselheira em companhias abertas e familiares
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