Quinta geração da internet pode ser nova ferramenta para hackers (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Bússola
Publicado em 30 de janeiro de 2023 às 18h31.
Última atualização em 30 de janeiro de 2023 às 19h13.
Em uma sociedade onde pelo menos 5 milhões de pessoas tiveram suas informações pessoais roubadas e vendidas nos chamados mercados de bots, a consolidação da quinta geração da internet traz novos alertas este ano.
Em 2022, os governos travaram guerras online, as empresas foram afetadas por várias gangues de ransomware e os dados dos usuários regulares estiveram constantemente no radar dos hackers.
Uma pesquisa da empresa de segurança cibernética NordVPN aponta que, dos usuários afetados, 351 mil são brasileiros. Isso torna o Brasil o terceiro país mais afetado do mundo, atrás da Índia e da Indonésia. O estudo revela ainda que a identidade digital completa é vendida atualmente por R$ 32,63 em média.
O 5G traz novas possibilidades nas mais diversas esferas, mas também cria mais desafios de segurança cibernética. A nova tecnologia sempre vem com o risco de que os hackers encontrem maneiras de explorá-la. Embora o 5G forneça aos usuários uma conexão de internet mais rápida, também exigirá atenção significativa à nova infraestrutura, abrindo mais pontos de acesso para hackers comprometerem.
Neste sentido, a escassez global de especialistas em segurança cibernética torna ainda mais difícil evitar ataques.
Outra pesquisa da NorVPN revelou que pelo menos 20% dos brasileiros gostariam de “se deletar” da internet. Isso ocorre porque 43% disseram que as plataformas digitais tomam muito do seu tempo, enquanto 32% se sentem usados por empresas que exploram seus dados pessoais.
O próximo ano não será mais fácil no que diz respeito a manter os dados dos usuários seguros e privados. Países autoritários e hackers estão trabalhando duro para comprometer esses fatores.
Irã, Rússia e China, por exemplo, estão consolidando seu poder por meio do aumento da vigilância por parte de atores governamentais. Portanto, embora muitos países estejam lutando pela democracia, as ações desses Estados manterão seus cidadãos no escuro e fora da web.
A ciberguerra está apenas começando. Com o líder da China garantindo seu terceiro mandato e a guerra da Rússia na Ucrânia, muitos especialistas preveem aumento nos ataques cibernéticos patrocinados pelo Estado. A China pode aumentar os ataques cibernéticos em Taiwan, Hong Kong e outros países que se opuserem ao regime. Enquanto isso, prevê-se que a Rússia patrocine ataques contra países que apoiam a Ucrânia.
Mas toda moeda tem dois lados. Para Daniel Markuson, especialista em privacidade digital da NordVPN, existe uma luz no fim do túnel e essa esperança está debruçada sobre os fatos das pessoas estarem começando a valorizar seus dados, pressionando empresas e governos a agir.
No final de 2022, o Google prometeu eliminar os cookies de terceiros nos navegadores Chrome até 2024 e está pensando em novas maneiras de rastrear seu fluxo (como por meio do FLoC).
“Essa é uma ótima notícia para quem valoriza sua privacidade. Os cookies de terceiros são rastreadores que coletam dados individuais do usuário em inúmeros sites, que acabam nas mãos dos anunciantes para criar anúncios personalizados e intrusivos. Embora não possamos dizer que o rastreamento do usuário acabou, podemos comemorar o fim da era do rastreamento intrusivo”, diz.
O executivo afirma ainda que 2023 será um grande ano para as leis de privacidade, já que a Índia discutirá sua Lei de Proteção de Dados Pessoais — a versão indiana da GDPR. Da mesma forma, os EUA estão discutindo a própria Lei Americana de Proteção e Privacidade de Dados, que ajudará a estabelecer uma estrutura para proteção de dados em escala federal.
O avanço da criptografia também chega como aliado da cibersegurança. Diante do poder da computação quântica, mesmo os algoritmos de criptografia mais sofisticados podem ser quebrados em alguns minutos. Isso mostra que, no futuro, serão necessárias ferramentas de criptografia novas e mais poderosas.
Daqui para a frente, a segurança cibernética vai se basear em blockchain, que provou ser extremamente útil para troca de informações segura e descentralizada. “Até agora, as ferramentas baseadas em blockchain tinham implementação muito cara, devido à novidade da tecnologia. No entanto, muitos especialistas preveem que em 2023 ela será usada cada vez mais na segurança cibernética”, afirma Daniel.
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