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CEOs precisam se reinventar continuamente se quiserem ter sucesso

Líderes que abraçam a reinvenção como estratégia estão melhor posicionados para guiar suas empresas para o futuro

"Será preciso estabelecer novos formatos para resolver problemas de maneira colaborativa", diz Claudia Elisa Soares (Luíz Alvarez/Getty Images)

"Será preciso estabelecer novos formatos para resolver problemas de maneira colaborativa", diz Claudia Elisa Soares (Luíz Alvarez/Getty Images)

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Publicado em 6 de março de 2024 às 15h00.

Última atualização em 6 de março de 2024 às 15h31.

Por Claudia Elisa Soares*

No cenário empresarial contemporâneo, os CEOs enfrentam um ambiente de negócios dinâmico e desafiador, impulsionado pela disrupção tecnológica, mudanças climáticas e outras megatendências globais. Neste sentido, a capacidade de adaptação – ou melhor, de reinvenção – torna-se crucial para garantir a viabilidade futura das empresas.

Os líderes de todo mundo estão sendo obrigados a compreender como as megatendências se interconectam, identificando oportunidades de negócio e antecipando mudanças no ambiente empresarial. Isso requer uma abordagem proativa e estratégica na gestão das operações e na identificação de novas oportunidades de crescimento.

Esta é uma das conclusões da 27ª Global CEO Survey - 2024, da PwC, realizada com mais de 4,7 mil líderes empresariais em mais de 100 países, incluindo o Brasil. A pesquisa reflete a consciência dos CEOs de que estão vivendo momentos decisivos de mudança, demonstrando senso de urgência e tendência à ação.

Os dados indicam que a eficácia da liderança está se tornando cada vez mais valiosa para manter a motivação, questionar o status quo e ganhar impulso. O imperativo da reinvenção vem fazendo com que líderes adotem abordagens mais ousadas.

Inovar não é preciso, é obrigatório

Segundo o estudo, 97% dos respondentes tomaram medidas para mudar sua forma de criar, entregar e capturar valor nos últimos cinco anos, sendo que 76% adotaram pelo menos uma iniciativa que teve impacto grande ou muito grande no modelo de negócio de suas empresas.

É uma clara evidência de que os decisores estão lendo e decodificando (ou pelo menos tentando) o complexo e dinâmico mapa da macroeconomia global, transformando o mais rápido possível esta leitura em decisões estratégicas.

Pelo alto percentual de ações de impacto em tão pouco tempo, fica evidente que o senso de urgência é uma das características deste novo mundo, chamado de BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear e Incomprehensible, que em tradução livre significa Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível). É necessário ser ágil e efetivo, tomando decisões rápidas, mas muito bem fundamentadas e sem açodamentos, para acompanhar o ritmo das transformações globais.

Até pouco tempo atrás, decisões de grande impacto demoravam anos para serem aprovadas, sendo necessário seguir um extenso ritual de reuniões e homologações. Geralmente, quanto maior a empresa, maior era o tempo de trâmite. Hoje, a agilidade é quem dá as cartas. O mundo BANI ama a agilidade e pune a morosidade.

Pressões e ameaças

Um sinal da crescente necessidade de reinvenção é o aumento da pressão que os CEOs esperam enfrentar em um futuro próximo por fatores que influenciam a mudança do modelo de negócios.

Para os entrevistados, os principais fatores que impulsionarão mudanças na maneira como a empresa vai criar, entregar e captura valor nos próximos 3 anos são: 

  • Mudanças tecnológicas (56%); 
  • Mudanças na preferência do consumidor (49%); 
  • Regulamentações governamentais (47%); 
  • Ações da concorrência (38%);
  • Instabilidades da cadeia de abastecimento (31%); 
  • Mudanças climáticas (30%); 
  • Mudanças demográficas (27%).

Outro impulsionador da reinvenção são as ameaças. Os executivos apontaram no estudo as principais ameaças que fazem parte do cotidiano de seus negócios, e que exigem muita destreza para administrá-las. São elas:

  • Instabilidade macroeconômica (24%); 
  • Inflação (24%), riscos cibernéticos (21%); 
  • Conflitos geopolíticos (18%); 
  • Mudanças climáticas (12%); 
  • Riscos sanitários (11%); 
  • Desigualdade social (6%).

Mudança de mentalidade

A mudança de mentalidade e os desafios de gestão envolvidos são enormes. À medida que enfrentam os desafios do presente e do futuro, é essencial que os líderes empresariais cultivem uma mentalidade de aprendizado contínuo e inovação, garantindo assim a sustentabilidade e o crescimento de suas organizações.

Para ter sucesso, os CEOs devem considerar uma gama mais ampla de iniciativas e aplicá-las de forma combinada. Entre outras iniciativas, os CEOs talvez precisem expandir suas equipes executivas para incluir especialistas em áreas emergentes que serão essenciais para o sucesso de suas empresas no futuro, como regulamentação climática ou IA. Também é crucial garantir que toda a equipe da alta administração seja responsável pela mudança.

Além disso, muitas organizações precisarão implementar novos mecanismos para lidar com a realidade de que não há respostas definidas para uma ampla gama de questões. Será preciso estabelecer novos formatos para resolver problemas de maneira colaborativa, em vez de apresentar soluções e procurar aprovação, bem como novos métodos para monitorar o progresso e recompensar as pessoas

Os CEOs que abraçam a reinvenção contínua, antecipando tendências e respondendo de forma ágil às demandas do mercado, estão melhor posicionados para liderar suas empresas rumo ao sucesso em um ambiente empresarial em constante evolução.

Por isso, devem buscar abordagens para reconhecer preocupações existentes, valorizar a curiosidade e a abertura ao aprendizado e encorajar os gestores a ajudar as pessoas em seu processo de adaptação.

*Claudia Elisa Soares é especialista em ESG e transformação de negócios e líderes e conselheira em companhias abertas e familiares

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