Evento que aconteceu na última quarta-feira reforçou o compromisso da empresa com a luta antirracista. (Germano Lüders/Exame)
Bússola
Publicado em 11 de novembro de 2021 às 17h27.
Frente a necessidade de debater o combate ao racismo estrutural no Brasil, o grupo Carrefour Brasil realizou na última quarta-feira, 10, o evento “Diálogos que Transformam”, ampliando as discussões essenciais para o país, pois sabe-se que o Brasil tem 54% da população que se autodeclaram preta ou parda, mas quando se leva em consideração a inclusão dessas pessoas em espaços de liderança, muito ainda precisa ser feito.
“Temos compromisso com a inclusão e equidade há muito tempo. Somos um dos maiores empregadores do país, com cem mil funcionários, e sabemos da nossa responsabilidade com a cultura e a própria diversidade dos brasileiros. Precisamos combater o racismo estrutural, com políticas de tolerância zero à violência e à discriminação, com a educação dos nossos colaboradores através do letramento racial, com investimento em educação, com incentivo ao empreendedorismo e principalmente, com a mobilização de nossos parceiros, prestadores de serviços e fornecedores para que façam o mesmo”, afirma Stéphane Maquaire, CEO do grupo Carrefour Brasil.
O evento contou com a participação de membros do Comitê Externo Independente, que vem orientando o Carrefour na implementação dos compromissos assumidos pela companhia em novembro de 2020.
“Ter uma empresa que assume o que aconteceu, chama a sociedade civil para pensar em como reparar, cria ações e faz o investimento em todo processo, é algo novo”, diz Adriana Barbosa, CEO da Feira Preta e integrante do Comitê Externo.
O grupo Carrefour Brasil investirá R$ 144 milhões, ao longo de três anos, para promover ações de inclusão e de combate ao racismo. O maior investimento privado feito por uma empresa em prol da equidade racial. De acordo com Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva e membro do Comitê Externo Independente, o que se avançou na agenda racial neste último ano é muito mais do que já foi feito nos últimos dez anos.
Dividido em quatro temas centrais (empregabilidade, combate à discriminação, investimento em empreendedorismo e educação), o evento reforçou o compromisso da empresa com a luta antirracista.
Empregabilidade
O varejo é responsável por grande parte dos empregos diretos gerados no Brasil e movimenta uma cadeia significativa de fornecedores. Foi pensando nessa força e alcance que o grupo Carrefour tem no Brasil, que foram criadas ações de inclusão de jovens negros e negras, bem como profissionais que já estão no mercado de trabalho, para oferecer oportunidades de aceleração de carreira e desenvolvimento profissional. Com o apoio da Cufa (Central Única das Favelas), foi realizado o Programa de Estágio Afirmativo que selecionou 18 jovens de diferentes favelas de São Paulo, para posições corporativas. O projeto selecionou pessoas que ainda não estavam na universidade oferecendo o custeio de até 80% do valor da mensalidade.
Ainda na mesma linha de empregabilidade e liderança, a empresa lançou um programa de aceleração de carreira voltado para profissionais negros. Diferente do habitual em programas de trainee, O Talentos do Futuro 2021 não é focado em profissionais recém-formados e tem como objetivo acelerar a carreira de talentos que já ingressaram no mercado de trabalho, mas ainda não assumiram posições de liderança. Não há limite de idade nem exigência de segundo idioma, que será custeado pelo Carrefour, caso necessário. O programa terá a duração de 18 meses e inclui um módulo internacional.
Combate à discriminação
O grupo Carrefour Brasil anunciou a inclusão de uma cláusula antirracista em todos os seus contratos, como parte da Política de Tolerância Zero. Com isso, trouxe mais rigor nas políticas internas e nos contratos. Além disso, ampliou o canal interno de denúncias por meio da Carina (nossa assistente virtual), além do reforço no canal externo para os clientes, que pode ser feito por meio do Conexão Ética (0800.772.2975).
Já a internalização dos agentes de prevenção foi um trabalho realizado em menos de um ano. O novo modelo de segurança traz diretrizes de inclusão e respeito, resultando em uma segurança mais humanizada, com perfil acolhedor, que está presente nas lojas com o intuito de proporcionar a melhor experiência para o cliente. Adicionalmente, estes profissionais contarão com câmeras corporais.
Também houve aumento na participação de mulheres atuando neste papel. Somente no último ano, dentro do Carrefour, o percentual de mulheres trabalhando como agente de prevenção saltou de 19% para 36%. Outro ponto é que este novo perfil não é somente para o agente de prevenção, mas para todos que atuam na loja, pois cuidar bem do cliente é uma função de todos.
Investimento em empreendedorismo
Empreender é um grande desafio e muitas vezes acaba se tornado também uma necessidade pela dificuldade de se ingressar no mercado de trabalho. Uma pesquisa do Instituto Locomotiva deste ano mostra que a taxa de desemprego entre as mulheres negras é o dobro da taxa dos homens não negros. Esse é um dado que exemplifica que apoiar os empreendedores negros é fundamental no processo de equidade racial.
O grupo Carrefour possui um grupo de trabalho como foco exclusivo em empreendedores negros, com duas frentes de atuação: uma delas, em parceria com a Afrobusiness, busca a inclusão de empreendedores negros na carteira de fornecedores do Carrefour, seja para a inserção de produtos em lojas ou na prestação de serviços.
Neste mês se inicia um piloto em dez lojas do Carrefour para oferecer produtos de empresas comandadas por empreendedores negros, como a Makeda (cosméticos para pessoas negras) e a Madiba Pet (produtos para animais domésticos). Uma outra frente olha especificamente para a aceleração de empreendedores negros, onde buscamos aceleradoras que ajudem a mapear estes potenciais talentos para que seja possível apoiar e investir em seus projetos. Um exemplo é o trabalho que já está sendo feito com a Fábrica Cultura, que desempenha este papel com empreendedores na Bahia.
Além das ações internas, o Carrefour buscou também apoiar entidades que já trabalham com a temática do empreendedorismo negro há anos. Este ano, 38 entidades foram contempladas em três diferentes editais que tinham como objetivo o fortalecimento institucional de organizações afro-brasileiras da sociedade civil que atuam nas frentes de: apoio ao empreendedorismo negro; e ações de combate e conscientização sobre racismo e discriminação.
“Não são apenas editais. São editais para formar pessoas e para viabilizar projetos”, diz Celso Athayde, CEO da Favela Holding e membro do Comitê Externo Independente.
Educação
O letramento racial tem um papel central no combate ao racismo. É fundamental que as pessoas conheçam o tema, identifiquem seus privilégios e reflitam sobre seus comportamentos. O Carrefour busca discutir esse tema no dia a dia. São mais de cem mil colaboradores que ao chegar em casa podem levar esse diálogo para mais três outras pessoas, que podem levar para outras e assim estimular a progressão nesse debate. Mais de 40 mil colaboradores, de todos os níveis hierárquicos, já participaram do curso de letramento racial.
Outra frente importante é o desenvolvimento dos talentos que já estão na empresa. Há um programa de desenvolvimento que neste momento conta com cem profissionais negros e inclui aceleração de conhecimento (graduação, MBA, idiomas etc.) e mentoria para carreira.
Próximos passos
Mesmo tendo avançado significativamente na agenda racial em 2021, os compromissos assumidos pelo grupo Carrefour Brasil são de longo prazo e continuarão pelos próximos anos. Ainda neste ano, mais dois editais focados em educação serão lançados com foco em capacitação em tecnologia e bolsas de estudos. Todos estes compromissos e futuras novidades podem ser acompanhadas pelo site.
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