Avalie seu momento de vida e de carreira e onde realmente pode se adaptar melhor (monkeybusinessimages/Getty Images)
Bússola
Publicado em 5 de novembro de 2021 às 12h00.
Por Carlos Guilherme Nosé*
Em 1996, na minha primeira aula do curso de Administração de Empresas ouvi uma frase que me marcou: “o bom administrador é aquele que cuida da empresa como se fosse dele”. E isso ficou na minha cabeça todo esse tempo. Há mais de 20 anos, atuo na área de recrutamento, encontrando os melhores talentos para as empresas, muitas delas familiares, em diferentes estágios de Governança. Das menores, com o acionista fazendo o papel de CEO, Diretor de Vendas e RH, até as mais avançadas do ponto de vista de estrutura, com conselhos de administração e consultivo. Mas o fato é que entre as mais de 400 empresas brasileiras listadas na B3 (Bolsa de Valores), a maioria tem o conselho formado pelas famílias fundadoras ou até algum membro da família em cargos executivos. Pouquíssimas não têm.
Por isso, sempre achei estranho usarem o termo “profissionalizar” uma empresa familiar. Pensava comigo mesmo: “Ué, esse empreendedor que saiu muitas vezes do nada, investiu todo seu tempo e dinheiro nesse negócio e hoje tem uma baita empresa, precisa “profissionalizar”? Ele é o que então?”
Sempre vi os empreendedores, principalmente os brasileiros, como profissionais, sim! Muitos poderiam assumir qualquer cadeira de C-Level, em diferentes empresas. Talvez, por não terem tido experiências em projetos globais, estruturas matriciais ou com reporte para um gringo, tenhamos essa imagem ou esse rótulo. Porém, de forma alguma, isso o desqualifica como profissional.
Vamos inverter o lado da moeda: Quais executivos poderiam ser donos? Empreendedores? Quais deles possuem coragem e estômago, para colocar seu patrimônio em risco e montar um negócio do zero? Quais deles têm aquela famosa “dor de dono”? Pouco? Muitos?
Na minha opinião, são mais frequentes do que imaginamos. Precisam apenas descobrir esse talento dentro deles, quebrar alguns paradigmas, tirar aquela coragem lá do fundo do peito e ir em frente.
Outro grande paradigma em relação às empresas brasileiras é o executivo achar que vai chegar e “ensinar os caras como se faz”, grande engano. Prepare-se para aprender, e aprender muito. Vai aprender a tomar decisão mais rápido, a ser mais intuitivo, a ter menos estrutura de apoio, a ter menos consenso e menos “líderes de projetos”.
Aprenderá a ser cada vez mais piloto do negócio, a olhar custos com muito mais dor no bolso, a vender o sonho para atrair os melhores talentos e por aí vai.
Não estou entrando no mérito do que é melhor ou pior, apenas tentando esclarecer as diferenças entre esses dois mundos: Empresas Nacionais x Empresas Globais. E como digo para meus clientes e executivos com quem converso, existe perfil para tudo, não há certo ou errado.
Portanto, você, executivo ou profissional, avalie seu momento de vida e de carreira e onde realmente pode se adaptar melhor. Esqueça os rótulos de mercado. Como estamos em um mundo cada vez mais complexo e incerto, cada experiência é válida, desde que você consiga aprender e melhorar. Como digo, o autoconhecimento é o novo inglês fluente, portanto, descubra suas fortalezas, vá em busca do melhor desafio e perfil de empresa para você e be happy!
*Carlos Guilherme Nosé é CEO & Partner da Fesa Group, um ecossistema de soluções de pessoas e de conexões humanas
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