TikTok (Ivan Abreu/Bloomberg)
Bússola
Publicado em 28 de julho de 2021 às 09h34.
Última atualização em 2 de setembro de 2021 às 11h48.
Por Alexandre Loures e Flávio Castro*
Engana-se quem pensa que o TikTok está limitado apenas à geração Z e às famosas dancinhas que viraram febre na rede. Durante a pandemia, pudemos ver um crescimento de outros conteúdos, inclusive do fortalecimento do empreendedorismo e conteúdo sobre conhecimentos gerais, diferentes temas e áreas profissionais.
Agora a plataforma anuncia o TikTok Resumes, um programa piloto, que funcionará como um canal de recrutamento e descobertas de empregos.
Aproximadamente 30 empresas estão participando do projeto, onde os candidatos se oferecem às vagas, mostrando suas habilidades e experiências em vídeo, usando a #TikTokResumes em suas legendas.
Mesmo em fase beta – 7 a 31 de julho –, fica evidente que a ferramenta quer ampliar seu ecossistema de criadores de conteúdo para aumentar a sua influência.
A geração Z tem dificuldade em montar um currículo, limitado a uma ou duas páginas e, em contrapartida, é hiperconectada com o meio digital. Essa facilidade pode ser útil para a geração, nativa digital, que incorpora uma economia criativa ao mundo corporativo.
Isso, provavelmente, causará preocupação ao LinkedIn.
Vídeos curtos são a “bola da vez” não só nas redes sociais como também em empresas e startups que surgem para aproveitar essa onda de conteúdo mais dinâmico.
No Brasil, uma startup anunciou uma plataforma de entrevistas para concorrer com o TikTok Resumes. A proposta é uma nova maneira de recrutar, que valoriza as pessoas, para além de suas experiências profissionais.
A plataforma Match.br, desenvolvida em colaboração com o Cambridge Psychometric Centre, incentiva empresas a usarem o Spotify para atrair candidatos, treinar e receber novos funcionários e até melhorar o posicionamento da marca.
O currículo tradicional não mudou muito ao longo dos anos. Inovações como essa são inevitáveis. Mesmo que algumas pessoas optem por continuar a enviar seus currículos em textos, indicamos colocar cor e “tempero” nas palavras.
O modelo é controverso. Cada vez mais soma-se, à carga mental de quem busca um emprego, esse peso de ser um produtor de conteúdo, independente de sua área.
Até que ponto isso não é criar mais uma barreira para que profissionais capacitados ocupem as vagas? Pessoas com mais recursos e determinadas características, nem sempre associadas à necessidade da vaga em questão, podem "sair na frente" mesmo quando são menos capacitadas.
Já é alvo de críticas os extensos processos seletivos digitais repletos de testes e informações que levam horas para serem preenchidos. E no fim, não há qualquer retorno.
Até que ponto isso é uma inovação e não mais um peso?
Se o vídeo vai ser a única forma de apresentar um currículo, ainda não sabemos, mas que é fundamental uma adaptação a essa demanda criativa, isso sim!
Se não, é muito provável que um potencial empregador não chegue nem ao segundo parágrafo de seu CV.
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*Alexandre Loures e Flávio Castro são sócios da FSB Comunicação
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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