Futuro híbrido inclui simplicidade, tecnologia e sustentabilidade, apontam profissionais do setor (iRobot/Divulgação)
Bússola
Publicado em 25 de novembro de 2021 às 18h30.
Última atualização em 12 de julho de 2022 às 13h32.
Mesmo com a pandemia do novo coronavírus chegando ao fim por conta do aumento da vacinação e demais flexibilizações, o futuro híbrido manterá algumas tendências para o lar, onde a tríade formada por simplicidade, tecnologia e sustentabilidade vão fazer parte do cotidiano das moradias em geral. Este foi o teor do debate que permeou o webinar Bússola Live: “Lar multifuncional: a nova relação com a casa na pandemia”, realizado nesta quarta-feira, 24.
Moderada por Rafael Lisboa, diretor da Bússola, a live contou com a participação de diversos especialistas, que abordaram como a pandemia afetou o cenário que envolve a arquitetura, as construções e a decoração, incluindo o que está por vir: Andrea Bellinazzi, diretora das áreas de Inteligência de Mercado e Dados da Tegra Incorporadora; Andres Mutschler, CEO da Westwing Brasil; e Maria Elisa Baptista, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).
As principais tendências apontadas por Andrea Bellinazzi, diretora das áreas de Inteligência de Mercado e Dados da Tegra Incorporadora, foram a permanência do home office, as áreas de lazer amplas e espaços específicos para bem-estar físico e mental, além de um local exclusivo para a higienização.
“As pessoas estão buscando como se adaptar a essas mudanças, como deixar o sapato do lado de fora de casa e ter um ambiente voltado para que possam utilizar a higienização. Existe, ainda, uma preocupação com espaços mais aconchegantes e simples, que promovam a saúde, o que se traduz em ventilação e iluminação naturais através de janelas grandes, trazendo o sol para dentro de casa, além de conforto acústico. Nas áreas comuns, destaco a importância do paisagismo. Inclusive, recentemente lançamos um empreendimento na Lapa, onde criamos uma ‘rua jardim’: foi arborizada uma rua inteira para trazer verde aos moradores”, diz a executiva, acrescentando que a empresa aposta em espaços de delivery em seus empreendimentos, como geladeiras para armazenamento de produtos perecíveis e locais para guardar as roupas que chegam da tinturaria, por exemplo.
Maria Elisa Baptista, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), disse que o futuro vai ser baseado em garantir condições de moradia para todos, através da sustentabilidade e da simplicidade. “Quanto menos, melhor. Temos que aprender a reciclar espaços, tornando-os multifuncionais. E, além disso, diversificar o que já existe através de materiais recicláveis de baixo impacto ambiental. Também aposto em espaços públicos democráticos”, afirma.
De acordo com Andres Mutschler, CEO da Westwing Brasil, as pessoas estão mais abertas a mostrar sua casa através de ferramentas tecnológicas. “O uso das redes sociais para fazer terapias online, exercícios e demais atividades aumentou, também, o protagonismo da casa e sua relação com a tecnologia. As pessoas passaram a compartilhar nas redes sociais suas vidas em seus lares. Por isso, a casa acabou ficando mais bonita, refletindo o estilo de vida de cada um, mais bela e funcional. E isso pode ser feito de maneira simples: ao trocar as capas das almofadas e colocar uma manta no sofá, por exemplo, oferecendo um novo ambiente, sem a necessidade de reformas!”, diz.
Período de pandemia serviu de aprendizado para entender as condições de moradia, enquanto varanda e home office tiveram valorização, afirmam especialistas
Maria Elisa Baptista, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), diz que a pandemia foi um momento oportuno para poder constatar com clareza as condições de moradia da população em geral.
“Comparo este período a um lago congelado, onde qualquer passo poderia rompê-lo. Portanto, tivemos a chance de notar as condições extremamente precárias da maioria da população, que incluem falta de saneamento básico e deslocamento. Já aos que possuem a sorte de ter uma casa, ela se mostrou muito inadequada. No entanto, foi um momento em que todos tiveram que aprender a conviver com outras pessoas em espaços reduzidos, ou até mesmo sozinhos. Considero um aprendizado da própria arquitetura, de como fazer tudo ao mesmo tempo e olhar para o outro, estabelecendo outros códigos”, diz Baptista, acrescentando que foi preciso pensar o que de fato era necessário na casa para acolher a eventual angústia que todos sentiram no período.
Já Andrea Bellinazzi, diretora das áreas de Inteligência de Mercado e Dados da Tegra Incorporadora, destacou que as pesquisas realizadas pela empresa tiveram papel fundamental para analisar a mudança de comportamento dos seus clientes e o que esperavam com a pandemia. “Nossa maior preocupação foi justamente descobrir o que de fato o cliente estava buscando, já que teve que ir para casa, local que se transformou em multifunção, seja para fazer terapia, exercícios físicos, estudar, ficar com a família. Fizemos uma pesquisa ano passado e outra em agosto de 2021. Logo, entendemos que o home office fez com que o espaço de escritório se tornasse uma realidade, e a varanda, fator de desempate na hora da compra, servindo como um respiro para o dia a dia. São espaços que não vão embora nunca mais”, declara.
No quesito decoração, Andres Mutschler, CEO da Westwing Brasil, revela que a pandemia fez com que as pessoas pensassem em mudar a sua casa para melhor. “Todos passaram a ficar muito mais tempo em casa, e, por isso, começaram a melhorá-las. Percebemos um aumento da procura de artigos de decoração, sempre pelo lado de investir no lado funcional, aliado ao conforto e entretenimento. Houve uma procura em aumentar a beleza do ambiente: o Gallery Wall, de cobrir paredes, foi muito vendido no período”, diz.
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube
Veja Também