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Brasil perde o jornalista e escritor Wilson Figueiredo

Wilson Figueiredo deixa quatro filhos e um exemplo de dedicação ao jornalismo sério e comprometido

Wilson Figueiredo (Reprodução)

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Publicado em 21 de abril de 2025 às 10h44.

Última atualização em 21 de abril de 2025 às 10h48.

Wilson Augusto Figueiredo, jornalista, poeta e escritor brasileiro, faleceu ontem (dia 20/4) aos 100 anos, deixando um legado indelével para o jornalismo e a literatura do país. Nascido em 29 de julho de 1924, em Castelo, Espírito Santo, Figueiredo construiu uma carreira marcada pela integridade, sensibilidade e compromisso com a verdade.

Sua trajetória profissional foi imortalizada na biografia “E a Vida Continua: A Trajetória Profissional de Wilson Figueiredo”, lançada em 2011 pela Editora Ouro Sobre Azul, para marcar o 30º aniversário da FSB Comunicação. A obra, escrita em parceria com Moacyr Andrade, reúne cartas e textos de colaboradores que destacam as contribuições de Figueiredo ao longo de sua carreira.

Conhecido entre os amigos pelo apelido de Figueiró, o jornalista passou a juventude em Belo Horizonte, onde conviveu com figuras ilustres da literatura brasileira como Fernando Sabino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos. Iniciou sua carreira jornalística na capital mineira, mas na década de 50 muda-se para o Rio de Janeiro. No Jornal do Brasil, atuou por quase cinco décadas como editorialista, redator, colunista e comentarista político, participando da reforma gráfica e editorial que consolidou o veículo como uma das vozes mais influentes da imprensa brasileira no século XX.

No Jornal do Brasil, assinou durante muitos anos uma influente coluna sobre política nacional. Nela, foi o primeiro jornalista a antever a renúncia do então presidente Jânio Quadros, decisão que mudou a vida política do país por muitos anos.

Além do Jornal do Brasil, Figueiredo colaborou com diversas redações, incluindo a Agência Meridional, dos Diários Associados, Folha de Minas, O Jornal e Última Hora, de Samuel Wainer. Em revistas, trabalhou na Manchete e na Mundo Ilustrado, editada pelo Diário de Notícias. Já no final de sua carreira, aos 80 anos de idade, integrou-se à equipe da FSB Comunicação, maior agência de comunicação corporativa do Brasil, contribuindo com sua experiência e olhar crítico para a construção de estratégias de comunicação e gestão de crise para clientes de diversos setores.

“Quando eu e meus sócios tivemos a oportunidade de convidar o Wilson para se juntar à FSB, realizamos uma aspiração de muitos anos e sabíamos que ele teria um papel muito importante para a empresa. Ao longo do tempo, ele se tornou uma grande influência para nossa equipe, principalmente para os mais jovens”, afirma Francisco Soares Brandão, sócio-fundador da FSB. “E ele permaneceu ligado a nós até o fim da vida.”

A produção literária de Figueiredo inclui o livro de poesias “A Mecânica do Azul” (1946), elogiado por Mário de Andrade, e obras como “1964: o último ato” (2015) e “De Lula a Lula” (2016). Reconhecido por sua capacidade de aliar jornalismo e lirismo, Figueiredo foi descrito por Nelson Rodrigues como um profissional que, por ser poeta, estava “sempre a um milímetro de delírio”, enxergando além da objetividade comum aos jornalistas.

Wilson Figueiredo deixa quatro filhos e um exemplo de dedicação ao jornalismo sério e comprometido, servindo de inspiração para futuras gerações de profissionais da comunicação.

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