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Brasil lidera unicórnios na América Latina e agora abriga decacórnios

Fenômeno muda o cenário dos M&A no país, com crescimento de oportunidades, muitas vezes lideradas por startups

Crise sanitária acelerou cenário de inovação em série (Getty Images/Getty Images)

Crise sanitária acelerou cenário de inovação em série (Getty Images/Getty Images)

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Publicado em 19 de julho de 2022 às 18h40.

Última atualização em 19 de julho de 2022 às 18h45.

A interconexão das plataformas de redes sociais e novas tecnologias (IoT, machine learning e inteligência artificial) eram os instrumentos que faltavam nas mãos dos empreendedores. Empresas como Quinto Andar, Daki e Merama lideram a lista de geração de novos e grandes negócios. Conquistando receitas bilionárias no mercado, elas recebem o nome de empresas unicórnios — termo mitológico que faz referência a uma grande realização e utilizado por Aileen Lee, fundadora da Cowboy Ventures em 2013.

Segundo relatório elaborado pela plataforma brasileira Sling Hub, a América Latina tem mais de 40 unicórnios e o Brasil lidera a região em quantidade de empresas desse tipo. Os empreendimentos de base tecnológica chegam a faturar US$ 1 bilhão no mercado antes de entrarem na bolsa de valores.

A força das empresas unicórnio é tamanha que, na avaliação da Olivia — consultoria focada em processos de transformação organizacional — um novo movimento está surgindo: o “decacórnio”, empresas de capital privado avaliadas em US$ 10 bilhões.

Com mais de 48 milhões de clientes no Brasil, México e Colômbia, empresas como Mercado Livre e Nubank integram esse grupo e acumulam receitas bilionárias. Esse fenômeno já vem mudando o perfil de transações de M&A — do inglês, Mergers and Acquisitions — pois são empresas de histórico recente geradas nos contextos da nova economia e que, com o crescimento acelerado, já vêm liderando processos em série de fusões e aquisições.

Com o objetivo de analisar o crescimento do setor e os desafios das empresas que passaram por operações de M&A, em outubro de 2021, a Olivia fez uma pesquisa com 74 executivos de companhias localizadas em oito estados brasileiros. Segundo o levantamento, 35% dos profissionais responderam haverem participado de processos de fusões e aquisições nos últimos três anos. Desse total, 24% o fizeram nos últimos 12 meses. Embora os dados confirmem o ritmo acelerado das transações no país, o estudo revela algumas falhas no processo de integração entre as companhias.

“Para 74% dos respondentes, a estratégia de integração foi única e clara. No entanto, na maioria dos casos (66%) a cultura predominante passou a ser a da empresa compradora. Já é um avanço pois há um movimento de reconhecimento de que o cliente está no centro da decisão e da cultura, independentemente de quem é comprador ou comprado”, afirma Reynaldo Naves, managing partner da Olivia Brasil. A pesquisa mostra ainda que entre os principais motivos das transações estão a entrada em novos mercados (42%), a ampliação da base de clientes (19%), seguidos da incorporação de nova tecnologia (8%), know-how (8%) e talentos (2%).

O fator da crise sanitária apenas acelerou a imensa abertura de oportunidades de inovações e de novos produtos e serviços focados no novo consumidor pós-pandemia, e o contexto de M&A confirma esta tendência de novas empresas unicórnios mudarem de lado da mesa de negociações e partirem para aquisições, como por exemplo, a Olist, que adquiriu as empresas Tiny, especializada em ERP, e Vnda, plataforma de ecommerce.

“Nesse sentido, os processos precisam ser muito mais focados nas necessidades dos clientes. Portanto, as empresas envolvidas devem estar muito mais abertas à mescla cultural dentro do processo de integração”, declara Naves.

O managing partner da Olivia Brasil explica que cada transação de M&A deve ser analisada individualmente, para que o modelo de negócios e o processo de integração cultural sejam avaliados, além da análise dos processos e características de cada companhia.

“As pessoas sempre devem estar no centro dessa mudança, pois são elas que serão responsáveis por conduzir a empresa resultado da fusão para seus novos objetivos”, diz Naves. O especialista explica que essa é a razão pela qual os líderes têm papel vital nesse processo e precisam estar alinhados à nova identidade cultural, pois os colaboradores precisam se sentir acolhidos, o que fará toda a diferença no sucesso da operação.

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