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Bitcoin atualmente é ativo de risco ou investimento independente. Descubra

Apesar do momento pelo qual o mundo está passando, o bitcoin pode apresentar um movimento de alta que gera excelentes oportunidades

Dinamicidade do criptoativo reforça a relevância desse tipo de investimento (Reprodução/Unsplash)

Dinamicidade do criptoativo reforça a relevância desse tipo de investimento (Reprodução/Unsplash)

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Publicado em 29 de abril de 2022 às 19h00.

Última atualização em 2 de maio de 2022 às 17h27.

Por Paulo Boghosian*

Em tempos de perdas de liberdades individuais, fica mais clara a importância de que cada pessoa tenha soberania sobre o que lhe pertence. Um levantamento realizado pela Freedom House, ONG americana que nasceu com o objetivo de promover a democracia e os direitos humanos, aponta que, de 2005 para 2020, o número de países onde os indivíduos são livres caiu de 89 para 82. O mais assustador é que o número de países em que as pessoas não são livres subiu de 45 para 54 no mesmo período.

Sabemos que o ano de 2020 foi totalmente atípico por conta da pandemia causada pelo coronavírus, e é inegável que o lockdown em diversas partes do mundo acelerou esse processo. No período, o mundo foi surpreendido por uma das maiores crises de liquidez da história do mercado financeiro. Ativos que deveriam ser defensivos e atuar como reservas de valor não foram capazes de fazer suas funções de proteger os portfólios dos investidores.

Por ser um ativo novo, o bitcoin gerava muita desconfiança dos investidores. Foi duramente criticado, passando a ser tratado como um ativo de risco e com alta correlação com os mercados tradicionais. Porém, o bitcoin foi criado para ser um ativo descorrelacionado e independente das políticas monetárias dos bancos centrais. Então, o que deu errado?

Em um evento de liquidez é natural que aumente a demanda por liquidez e diminua a oferta de crédito, diminuindo, também, o valor relativo de todos os ativos, inclusive o bitcoin, em relação ao ativo mais líquido, o dólar. Com o passar do tempo, o bitcoin ganhou um novo olhar e passou a ter maior correlação com os mercados tradicionais. Esse movimento foi motivado principalmente por algoritmos que seguem estratégias quantitativas, se utilizando de correlações históricas.

Mas, se o bitcoin se comportou de forma correlacionada com outras classes de ativos de risco, como a bolsa, então ele deverá continuar a se comportar dessa forma? O bitcoin em particular, não deveria, porque estamos vivendo um cenário completamente distinto: de guerra na Ucrânia, caos social em democracias ocidentais, disfunção no comércio global, congelamento de grandes fortunas de oligarcas, países literalmente sendo expulsos do sistema financeiro global e até ameaça de guerra nuclear. Nada disso se assemelha com a crise da covid, e tudo isso reforça o propósito do bitcoin (nem tanto o de outros criptoativos).

Falando em propósito, o bitcoin não nasceu para fins de especulação, embora muitos se aproveitem da sua volatilidade para isso. A moeda foi criada para devolver a soberania do dinheiro para o investidor. Um ativo descentralizado, resistente à censura, imutável e com sua política monetária própria, independente das políticas monetárias irresponsáveis de bancos centrais.

Com todas essas características, fica claro que o ativo é ideal para ser utilizado nesses períodos mais conturbados, em que há a necessidade de proteção contra governos totalitários, ou mesmo como um antídoto para surtos de hiperinflação. Temos um cenário perfeito para o desenvolvimento do bitcoin.

Para ter uma ideia, de acordo com dados da Chainalysis, empresa especializada em análise de blockchain, dos dez países do mundo com maior adoção de cripto, em muitos deles existe a desvalorização aguda das moedas fiduciárias, guerras e corridas bancárias, como Ucrânia, Quênia, Nigéria, Venezuela, Argentina e Togo. No Brasil, isso não é muito diferente. Há menos de cinco anos, US$ 1 valia R$ 3. E, antes do real, era relativamente comum retirar três zeros da moeda de tempos em tempos.

Ainda falando em momentos, a Ucrânia está sendo assolada por uma guerra. Na Rússia, à medida que as sanções americanas e europeias tiram o país e seus bancos locais da economia mundial, o bitcoin, por conta de sua descentralização, figura como um refúgio, já que é uma moeda apolítica e apenas permite que entidades sejam capazes de negociá-la livremente, sem proibições vindas de governos ou órgãos reguladores.

A dinamicidade do criptoativo reforça a relevância desse tipo de investimento. A Ucrânia e suas vítimas de guerra receberam, até meados de março, mais de US$ 63,8 milhões em criptoativos, segundo a empresa forense de blockchain Elliptic, o que reforça o discurso da facilidade e eficiência que é transferir ativos digitais de qualquer local do mundo. Se tudo isso fosse feito por meio de depósitos bancários internacionais, a operação seria coberta por burocracias que atrasariam a entrega, diferente das operações com criptos, em que o destinatário recebe os recursos em questão de minutos.

Com um sistema financeiro prejudicado e em um cenário com tantas ameaças e riscos, será que o bitcoin deve ser encarado como ativo de risco ou apenas como proteção contra esses eventos? Apesar do momento pelo qual o mundo está passando, o bitcoin pode apresentar um movimento de alta que gera excelentes oportunidades. Sabemos que a volatilidade é grande, mas, além disso, a alternativa é assistir à queda gradual do poder de compra e, pior, assistir ao vivo às perdas das liberdades individuais.

*Paulo Boghosian é head do TC Cripto

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