Até a bandeira de Pernambuco foi confundida com manifesto LGBT (Getty Images/Getty Images)
Bússola
Publicado em 24 de novembro de 2022 às 20h47.
A copa do Catar tem chamado a atenção do mundo, nem sempre pelos melhores motivos. Denúncias de maus tratos a minorias, mulheres sendo perseguidas, pessoas agredidas por, supostamente, estarem com bandeiras LGBTs – quando, na verdade, era apenas uma representação de Pernambuco –, protestos proibidos, isso tudo em um país que decidiu ser “tolerante”, mas apenas no período da Copa.
Não é papel do ocidente, que se acredita mais evoluído e desenvolvido, invadir a cultura alheia com conclusões equivocadas e eurocentradas sobre como é “certo” viver a vida. Criticar vestimentas, tradições e até relações entre as pessoas. Mas este não é o caso.
Respeitar os direitos humanos é, ou pelo menos deveria ser, um valor universal. Independentemente de como uma sociedade se organiza, respeitar a integridade da vida, a liberdade de ser quem se é, é uma “invasão” cultural bem-vinda, seja onde for.
Opressão não é cultura. Reprimir a vida não é tradição. “Respeitar a cultura alheia” não é um argumento válido quando “respeitar” um é impedir a vida do outro. É uma balança desequilibrada. Enquanto um lado luta por apenas existir, o outro luta pelo direito histórico de prender, calar e eliminar. Não são comparáveis.
Continuaremos lutando contra a criminalização de ser LGBTQIAP+ no Catar, continuaremos criticando a decisão de fazer um evento mundial em um país que tem a insegurança de minorias como regra institucionalizada, assim como lutamos diariamente aqui, no próprio ocidente, pela manutenção dos direitos que estão em constante ameaça.
Quanto nossa vida está em jogo, essa é a única opção.
*Beta Boechat é publicitária da @FALA.agency e criadora de conteúdo no @betafala. Trans não-binária, é consultora das áreas de diversidade, gênero, LGBTQIA+ e body positivity.
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