Assunto é parte das ações consideradas e planejadas pela Febraban (Bruno Kelly/Amazonia Real/Divulgação)
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Publicado em 29 de junho de 2023 às 19h04.
Última atualização em 29 de junho de 2023 às 19h14.
Amaury Oliva, diretor de Sustentabilidade da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), afirmou que o bloqueio direto de correntistas que tenham sido flagrados em situações de desmatamento da Amazônia ou outros biomas brasileiros está sendo discutido pelos bancos. “A situação dos correntistas é algo que está no nosso radar, mas é preciso ter cautela.”, afirmou Amaury.
A declaração do executivo ocorreu durante o 33° Febraban Tech, congresso que aconteceu em São Paulo nesta quinta-feira, 29, e veio em um momento em que a entidade está sendo pressionada a adotar uma postura mais efetiva de autorregulação e bloqueio direto de correntistas desmatadores. O tema ganhou destaque após a federação, que reúne os principais bancos do Brasil, ter anunciado, há algumas semanas, um protocolo setorial que visa restringir a concessão de crédito para frigoríficos que não conseguirem garantir a rastreabilidade de sua cadeia produtiva até 2025.
Diversas instituições passaram a cobrar dos bancos e da Febraban que criem um sistema próprio de rastreabilidade para bloquear as movimentações bancárias de pessoas físicas e jurídicas que degradam o meio ambiente. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), pediu uma reunião com a entidade para discutir o assunto.
Oliva não falou em prazo para implementação dessas novidades ou deu detalhes sobre o andamento dessas tratativas. Ele moderou o painel “Bioeconomia exige compromisso de carbono e cerco ao desmatamento”, que contou com representantes da Embrapa, BTG Pactual, Caixa e BNDES.
Ainda durante a Febraban Tech, a assessora de sustentabilidade da Febraban, Thaís Naves Tannús, afirmou que a entidade pretende se aprofundar nas discussões e também olhar para outros setores, trazendo diferentes atores para o debate sobre a preservação dos biomas brasileiros. O objetivo é observar o que pode ser feito pelo setor bancário e também por meio de instrumentos públicos para combater crimes de maneira mais efetiva os crimes ambientais no país.
“Essa foi uma crítica que rodou sobre esse tema [a autorregulação], algumas mídias trouxeram esse contraponto”, reconheceu Thaís. “É um trabalho em construção, cada passo que damos a mais abrimos novos caminhos e estamos aprofundando nossas ações nesse tema ainda. Em outubro de 2023 teremos um congresso sobre compliance e prevenção à lavagem de dinheiro e esse será um dos temas a serem abordados”, finalizou.
Em seu painel na Febraban Tech, Marcelo Pimenta, head de Agronegócio da Serasa Experian, destacou que a Abiec cobrou, de maneira compreensível, que os bancos bloqueiem clientes que têm problemas socioambientais. De acordo com ele, “é complexo tratar esse assunto e os bancos estão trabalhando de forma a encontrar soluções e criar capacidade de reduzir riscos”.
“Há casos de produtores com alto score de crédito, mas também alto grau de risco ambiental, com score ESG baixo. São cerca de 5% de produtores nessa situação e muitos bancos mantêm o crédito para esses perfis, o que pode trazer um grande risco reputacional”. Para endereçar essa questão, há ferramentas como o Serasa Score ESG, que oferece análises socioambientais, com utilização de imagens capturadas via satélite, que avaliam produtores rurais e podem ajudar os bancos na melhor tomada de decisão.
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