Desemprego e renda baixa contribuem para inadimplência (Empiricus/Divulgação)
Bússola
Publicado em 19 de julho de 2022 às 15h35.
Desemprego, inflação alta, renda baixa e pouca tração econômica – qual desses fatores é o maior causador do atual cenário de endividamento da população brasileira? Na verdade, todos eles contribuem para o aumento das dívidas. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), a inadimplência alcançou o nível mais alto desde 2010. Em abril deste ano, registrou que 77,7% dos brasileiros relataram estar endividados. No mesmo período de 2021, o número era de 67,5%.
Mas, apesar de existir mais de um fator que impulsiona o alto número de inadimplentes no Brasil, nos últimos tempos, o aumento da inflação tem sido um dos maiores contribuintes para que as famílias estejam aumentando suas dívidas. Os preços de produtos e serviços em alta, tem preocupado a maior parte da população ou, pelo menos, aqueles que estão em situação vulnerável, que além de endividados, possuem renda menor que as despesas básicas necessárias (aluguel, alimentação mensal, gás, água e luz).
Segundo dados da NielsenIQ, dois em cada três consumidores se preocupam com a situação da alta inflação dos produtos. Fazendo uma comparação entre os produtos básicos, a cesta de consumo massivo, por exemplo, teve seu preço médio alterado entre janeiro e setembro de 2021, onde cresceu 11,8% em comparação ao mesmo período de 2020. Os dados são do relatório Consumer Insights, da consultoria Kantar.
Para suprirem suas necessidades, a maior parte das famílias recorrem ao uso de crédito extra e empréstimos em bancos para recomposição de renda. Isso faz com que eles encontrem nos recursos de terceiros uma saída provisória para a manutenção do nível de consumo, mas, na verdade, estão apenas adquirindo mais um boleto mensal. O levantamento de março de 2022 do Serasa Experian, relata que dentre os inadimplentes, cerca de 28% possuem dívidas com cartões de crédito e bancos, enquanto 23% corresponde às dívidas de produtos essenciais.
Apesar de a inflação ser um dos principais motivos de inadimplência no país, o desemprego e a renda baixa também contribuem para este cenário precário. A falta de emprego atinge 11,3 milhões de pessoas, entre eles, o grupo dos jovens é o que mais sofre com a situação, segundo informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E para aqueles que conseguem uma oportunidade, ainda com vínculo empregatício, o salário sai abaixo do que seria a renda média brasileira.
Em muitos casos, o trabalho informal acaba sendo a solução para as pessoas que buscam recolocação no mercado e precisam levar algum dinheiro para casa. Mas, ainda assim, as atividades informais também explicam a situação de renda baixa.
Mas, para além disso, é necessário que as pessoas entendam a importância de não cair no índice de inadimplentes e manter o nome limpo. Além de afetar também a economia do país, ter o CPF negativado inclui uma série de consequências desagradáveis, que impactam diretamente a vida das pessoas, como as preocupações por não conseguir arcar com as dívidas, e as questões financeiras: restrição de crédito, problemas judiciais, multas e juros altíssimos, que vão de acordo com o tempo de atraso da dívida e, ainda, as dificuldades ao tentar financiar imóveis.
É por essas e outras que manter o nome limpo é sempre a melhor opção. Ter uma boa educação financeira, com controle diário do que entra e o que sai, sem gastos excessivos, pode ajudar a controlar as finanças. Apesar de estarmos vivendo um cenário crítico, as pessoas têm buscado novas possibilidades para negociar suas dívidas e sair do aperto financeiro, o que nos dá esperança do crescimento da nossa economia novamente!
*Gustavo Antunes é CEO da Liderança Serviços Financeiros
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