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Ainda é possível encontrar respostas para os mistérios da CPI?

Alguém se enrolou com alguém ou alguéns causando não só um impacto direto na política, como também na vacinação

Laboratórios não costumam usar intermediários nas negociações, e é isso que a CPI precisa desvendar (Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Laboratórios não costumam usar intermediários nas negociações, e é isso que a CPI precisa desvendar (Edilson Rodrigues/Agência Senado)

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Publicado em 12 de julho de 2021 às 20h22.

Por Alon Feuerwerker*

Um mistério dos alguns que faltam desvendar pela Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado da Covid-19: como e por que o Ministério da Saúde estendeu a conversa com supostos intermediários na compra de vacinas, dado que os laboratórios arrastados para a confusão afirmam e reafirmam não usar intermediários nas negociações com governos para vender o imunizante contra a covid-19.

Ou seja: como o ministério deixa esticar conversas com autonomeados intermediários sem pedir comprovação de que de fato representam os laboratórios cujas vacinas propõem intermediar? Um ofício, um documento. Ou, no mínimo, mandar mensagem para o laboratório perguntando: "Vem cá, fulano de tal realmente representa a empresa dos senhores e tem como negociar vacinas?".

Num planeta em que vacinas são disputadas a tapa pelos países não produtores, como é que se envereda numa conversa com alguém que diz ter centenas de milhões de doses de vacinas para entregar, sem que tenha ocorrido a alguém a seguinte ideia: "Se a AstraZeneca ou a Janssen têm esse tanto de vacinas disponíveis, não seria o caso de negociar diretamente com eles?".

É possível que haja respostas a essas e outras perguntas, mas não resta dúvida a esta altura que alguém se enredou numa conversa complicada com alguém, ou alguéns. E isso está tendo impacto direto não apenas na política, mas talvez na própria vacinação. Pois uma CPI que começou empenhada em questionar por que não temos mais vacinas repentinamente inverteu a rota.

No momento, as curvas de casos e mortes estão em queda. Mas nada impede haver um novo repique, eventualmente trazido por alguma nova variante. Deveríamos portanto estar todos orientados a buscar a maior quantidade de vacinas possível. Mas parece que não há mais ninguém no país interessado em seguir esse caminho.

*Alon Feuerwerker é analista político da FSB Comunicação

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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