Setor de eventos também tem de lidar com custos novos, provenientes dos protocolos (Divulgação/Divulgação)
Bússola
Publicado em 6 de janeiro de 2022 às 14h05.
Por Rogério Nery de Siqueira Silva*
Responsável por pouco mais de 4% do PIB brasileiro, o setor de eventos foi um dos mais abalados pela pandemia da covid-19. Estima-se que as medidas restritivas impactaram 97% das empresas do setor, que deixaram de faturar ao menos R$ 230 bilhões em 2020 e 2021, segundo a Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape).
De acordo com a entidade, mais de 350 mil eventos foram cancelados em 2020 e outros 530 mil deixaram de ser realizados neste ano. Os impactos foram sentidos por mais de seis milhões de pessoas que dependiam de festas, eventos corporativos, casamentos e shows para sobreviver. Produtores, músicos, garçons, seguranças, entre tantos outros profissionais, além de fornecedores, que movimentam esse mercado e garantem a realização de eventos memoráveis, viram a renda praticamente desaparecer ou perderam os empregos.
Muitos recorreram ao auxílio-emergencial para continuar sobrevivendo e o governo federal sancionou, em maio de 2021, uma lei que criou ações emergenciais de socorro ao setor. O Programa Nacional de Retomada do Setor de Eventos, que ficou conhecido como Perse, autorizou a renegociação e parcelamento de dívidas e previu uma compensação de parte dos prejuízos causados pela pandemia e linhas de crédito. O objetivo da medida era atingir 20 milhões de famílias. Mas, para muitas empresas, não deu tempo de esperar pelo socorro. Estima-se que um terço delas tenha deixado de existir em meio à crise.
Após mais de um ano e meio, o setor, que foi um dos primeiros a parar na pandemia e o último a voltar, começa uma retomada graças ao avanço da vacinação contra a covid-19. No momento em que escrevo este texto, mais de 66% da população brasileira encontra-se completamente imunizada, com duas doses da vacina. Com isso, as medidas restritivas passaram a ser flexibilizadas e os eventos estão voltando mediante protocolos de segurança e com restrição de público.
De acordo com a Abrape, neste ano, a ideia era de uma retomada de 100% da programação de eventos no país. Mas o surgimento de variantes, como a ômicron, já fez com que diversas cidades do país cancelassem festas de carnaval. Neste momento, o setor também tem de lidar com custos novos, provenientes dos protocolos — que são fundamentais —, além de um público potencialmente menor. Os eventos virtuais, que ganharam espaço, devem continuar, mas muitos sentem falta do networking de qualidade existente nos fóruns presenciais.
Como empresário do ramo da comunicação, sei o quanto o setor de eventos é fundamental. Na TV Integração temos ações de apoio nesse sentido. No final de agosto, por exemplo, promovemos um evento para comemorar os 133 anos de Araguari. Seguindo os protocolos sanitários, realizamos uma projeção na fachada do Palácio dos Ferroviários, com imagens e animações em 3D que contam a história da cidade. O evento, ao ar livre, teve a apresentação também de uma banda instrumental. A ação teve quatro cotas vendidas e mais de R$ 1,5 milhão em impacto.
Primordial, o setor de eventos conta com números importantes, mas não podemos nos esquecer nunca das pessoas que fazem essas máquinas de sonhos virarem realidade. Sem espaço para quem prepare a comida, sirva, faça a limpeza, sem a alegria da música, ou o trabalho dos seguranças - isso sem contar todos os outros muitos profissionais envolvidos e suas tarefas –, os eventos não são possíveis.
E é nosso papel pensar em medidas capazes de apoiar uma retomada segura desse setor responsável pelos melhores momentos das nossas vidas.
*Rogério Nery de Siqueira Silva é CEO do Grupo Integração (afiliada da TV Globo)
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