Bem-estar dos funcionários é crucial para um bom ambiente de trabalho (Getty Images/Getty Images)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 6 de julho de 2023 às 16h00.
Última atualização em 6 de julho de 2023 às 16h23.
Por Cristiano Zanetta*
Mesmo após implementar soluções aparentemente eficazes para evitar os altos índices de demissão, muitas empresas seguem lutando para lidar com esta situação sem se prejudicar. Mas será que fatores como valores e programas de bem-estar são realmente a chave para solucionar o problema? Por trás dessa incógnita corporativa está a falta de humanização, um ingrediente vital que muitas vezes escapa das estratégias dos gestores.
Basicamente é como se um “segredo tóxico” se infiltrasse no ambiente de trabalho, sem que as próprias empresas percebam. Muitas vezes, no ambiente corporativo, existe um problema subjacente de toxicidade que pode passar despercebido e manifestar-se com a falta de comunicação adequada, falta de apoio emocional, excesso de pressão ou qualquer outra dinâmica negativa que impacte o bem-estar e a saúde mental dos colaboradores.
A complexidade desse cenário passa a acontecer quando os funcionários estão sofrendo em silêncio, e a questão só se revela quando o risco de perder mais da metade da equipe se torna real, evidenciado pelas demissões em massa. É como se um ambiente tóxico estivesse enraizado nas entrelinhas da cultura corporativa.
Se tornou comum em nossa cultura vermos funcionários enfrentarem altos níveis de estresse, ansiedade e até mesmo depressão, resultando em uma grande massa de desemprego. A situação geralmente é agravada por preocupações já existentes, como salários que mal são suficientes para sobreviver, sobrecarga de trabalho imposta por metas cada vez mais exigentes e uma falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Além disso, fatores externos, como a substituição por tecnologias ou mão de obra mais barata, e problemas pessoais ou familiares também intensificam o cenário.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostram que o Brasil possui o maior índice de turnover do mundo. Comparado a países europeus como Reino Unido, França e Bélgica, o Brasil registrou um aumento alarmante de 56% no turnover. As principais causas desse aumento incluem a baixa qualidade do clima organizacional, o baixo alinhamento de expectativas, a falta de reconhecimento e a ausência de um plano de carreira.
É crucial compreender que o ambiente de trabalho exerce uma influência poderosa na vida profissional dos colaboradores, podendo desencadear uma série de impactos negativos em sua saúde mental. Os altos índices de burnout, ansiedade e depressão têm um impacto significativo na produtividade e no bem-estar dos colaboradores, contribuindo para um aumento considerável na taxa de turnover nas empresas.
Diante desse cenário, é fundamental que as empresas adotem uma abordagem baseada em humanização e propósito em suas estratégias. E não somente a implementação de programas de bem-estar, apoio psicológico e um ambiente de trabalho que priorize o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Uma cultura organizacional sólida, fundamentada em valores e propósitos claros, é fundamental para proporcionar um sentido de significado e motivação aos colaboradores. Metas e estratégias bem definidas e esclarecidas orientam as ações da equipe, fortalecendo o engajamento e a identificação com os objetivos da empresa. Além disso, é crucial incentivar a liderança a fornecer feedbacks construtivos e motivar os funcionários a se sentirem valorizados e reconhecidos.
Vale destacar a necessidade de uma abordagem que humaniza as relações de trabalho, promovendo um ambiente de respeito, empatia e apoio mútuo. Os funcionários devem ser encorajados a cuidar de sua saúde mental e a buscar ajuda quando necessário, sem medo de represálias ou estigmas.
Uma iniciativa que está ganhando destaque é a adoção da semana de trabalho de quatro dias (4 Day Week). Implementada com sucesso em países como Reino Unido, Portugal e África do Sul, essa redução da jornada de trabalho tem o objetivo de promover o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, reduzir o estresse e melhorar a qualidade de vida dos colaboradores.
O modelo de experimento a ser adotado pelas empresas participantes envolve os funcionários trabalhando 80% do tempo, mantendo a produtividade em 100% e recebendo 100% do salário. Essa abordagem será avaliada com base em indicadores como níveis de estresse, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, resultados financeiros e taxa de turnover, permitindo uma análise mais aprofundada dos impactos e benefícios dessa nova forma de organização do trabalho.
Para enfrentar os altos índices de demissão e promover o bem-estar dos funcionários, as empresas devem adotar estratégias de humanização, implementar programas de bem-estar, promover um ambiente de trabalho saudável e equilibrado, além de oferecer oportunidades de crescimento e reconhecimento.
Ao fazer isso, as organizações estão investindo em seu sucesso no longo prazo, criando um ambiente no qual os colaboradores se sintam valorizados, e engajados em contribuir para o crescimento da empresa.
*Cristiano Zanetta é reconhecido oficialmente pela Warner Bros. como o Batman do Brasil, é empresário, palestrante TED e filantropo. Uma das maiores referências brasileiras em humanização que contribuiu para a reinvenção de ações sociais por todo o país.
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube
Veja também
Netflix dos RHs: startup oferece vasto catálogo de cursos complementares
Como esta página motivacional virou um hub que fatura R$ 3,5 milhões
Parceria inédita traz competências para agentes públicos em saúde mental