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A saúde mental bate à porta da escola

Pesquisa da Pearson em diversos países, inclusive o Brasil, a depressão e a ansiedade aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano da pandemia

É preciso um olhar sério para a saúde mental das crianças (Divulgação/Divulgação)

É preciso um olhar sério para a saúde mental das crianças (Divulgação/Divulgação)

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Publicado em 17 de julho de 2022 às 15h37.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, em 17 de junho, sua maior revisão da saúde mental mundial desde a virada do século. O trabalho detalhado fornece um plano para governos, acadêmicos, profissionais de saúde, sociedade civil e outros com a ambição de apoiar o mundo na transformação da saúde mental.

De acordo com o mesmo documento da OMS, em 2019, quase um bilhão de pessoas – incluindo 14% dos adolescentes do mundo – viviam com um transtorno mental. O suicídio foi responsável por mais de 1 em cada 100 mortes, e 58% dos suicídios ocorreram antes dos 50 anos. Pessoas com condições graves de saúde mental morrem em média 10 a 20 anos mais cedo do que a população em geral, principalmente devido a doenças físicas evitáveis.

O abuso sexual infantil e a vitimização por bullying são as principais causas da depressão. Desigualdades sociais e econômicas, emergências de saúde pública, guerra e crise climática estão entre as ameaças estruturais globais à saúde mental. Além disso, segundo a Global Learning Survey 2022, pesquisa encomendada pela Pearson em diversos países, inclusive o Brasil, a depressão e a ansiedade aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano da pandemia.

A percepção de que existe necessidade de as escolas não apenas abordarem, mas priorizarem a saúde mental está crescendo. A Global Learning Survey 2022 revelou que no Brasil 96% dos pais gostariam que as escolas fornecessem serviços de saúde mental gratuitos aos estudantes, porém, somente 19% das escolas mencionadas pelos pais possuem este recurso. Globalmente, os índices ficam em 92% e 26%, respectivamente. Além disso, 67% dos brasileiros acreditam que as crianças deveriam ser introduzidas a programas e recursos de bem-estar e saúde mental desde os primeiros anos de vida escolar.

Um estudo publicado em maio deste ano pelo governo americano e conduzido pela consultoria independente Institute of Education Science indicou que, desde o advento da Covid-19, 70% das escolas viram um aumento no número de alunos que procuram tratamento de saúde mental. Apesar de a associação entre a saúde mental e o desempenho acadêmico estar cada vez mais difundida, e de existir enorme demanda reprimida por tratamento, ainda há escassez de programas de saúde mental para escolares.

Em alguns países, como Reino Unido e Canadá, a organização integrada dos sistemas públicos de saúde e de educação levou à implantação de serviços de saúde mental dentro das escolas. Nesses locais, a abordagem integrada entre educadores e profissionais da saúde mental tem permitido a resolução de problemas menos complicados dentro da própria escola, reduzindo a demanda por serviços especializados.

No Brasil, tradicionalmente, serviços de saúde mental não são prestados dentro das unidades escolares. Esse é um debate bastante complexo, sobretudo se considerarmos que o desenvolvimento integral saudável requer a integração de serviços de educação, saúde e assistência social. Talvez, mais importante do que a pauta de onde esse serviço estará disponível, é o tópico de como e quando ele poderá ser acessado. É urgente pautarmos a discussão sobre como estenderemos serviços de saúde mental para os estudantes e professores brasileiros.

Se queremos que as escolas formem cidadãos empáticos com uma motivação intrínseca para defender a paz e a democracia, precisamos oferecer as condições básicas para seu desenvolvimento integral saudável.

*Mônica C. Andrade Weinstein é cofundadora e vice-presidente de Pesquisa, Desenvolvimento e Impacto no Alicerce Educação.

 

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