Nem todas as profissões se adaptaram positivamente à era da comunicação digital (Bússola/Acervo pessoal)
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Publicado em 27 de setembro de 2023 às 16h51.
Última atualização em 28 de setembro de 2023 às 13h47.
Por Helen Pessoni*
Na era da comunicação total, ninguém duvida que a internet e, em especial, as redes sociais, sejam espaços primordiais para que empresas e profissionais exponham e promovam seus produtos e serviços. Certo?
Parece que para algumas categorias isso não é verdade. Quando se trata de comunicação e marketing, a medicina e alguns médicos parecem ainda encastelados numa era pré-digital. E os que ousam estar nas redes para mostrar o seu trabalho ainda são mal vistos por alguns colegas. Para eles é “feio” ou é uma “exposição desnecessária” falar do próprio trabalho em redes sociais e que a forma "correta" de encontrar o paciente deveria ser apenas por recomendação ou indicação.
Penso que aquela velha visão da medicina como sacerdócio tem a ver com isso, mas não é só. Acertadamente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) sempre teve normas rígidas quanto à exposição de pacientes e procedimentos com o intuito de proteger a intimidade e a dignidade das pessoas.
Isso deve ser mantido, mas o que estou dizendo é sobre comunicar o trabalho médico.
Eu mesma já fui muito criticada por mostrar o que faço na internet. Já fui chamada de “blogueira” e “influencer” como se isso fosse um demérito ou como se eu tivesse abdicado da qualidade da medicina que pratico porque dedico parte do meu tempo à comunicação.
Pensando bem, sim, eu sou uma influenciadora do meu próprio trabalho. Quem, melhor do que eu, pode dizer sobre ele? Quem sabe melhor explicar o que faço, como faço e por que faço?
Após mais de uma década de revisões, o CFM fez, recentemente, esclarecimentos sobre a aprovação de novas regras de publicidade médica, com o objetivo de evitar fake news. A então Resolução CFM nº 1.974/2011, foi atualizada para a Resolução CFM nº 2.336/23, que passará a valer oficialmente em até 180 dias.
Agora, além de permitir ao médico mostrar o seu trabalho, as novas regras também autorizam a divulgação dos preços das consultas, a realização de campanhas promocionais, e o uso das imagens dos pacientes, por exemplo.
Podemos, também, apresentar os tratamentos que realizamos com imagens de caráter educativo – acompanhadas de textos, que expressam as indicações terapêuticas e os fatores que podem influenciar o resultado – e trabalhar campanhas publicitárias com antes vs. depois, mostrando a perspectiva dos procedimentos para diferentes biotipos e faixas etárias, além da evolução imediata, mediata e tardia.
O universo digital é vasto e tem espaço para todos. No entanto, é essencial mantermos uma vigilância constante sobre como nos posicionamos e transmitimos mensagens que prestam um verdadeiro serviço à população.
Agora, com a revisão do CFM, temos oportunidades mais assertivas para aumentar a visibilidade médica, sempre com uma dose significativa de ética e responsabilidade. É por isso que precisamos ser extremamente cuidadosos com o compartilhamento de informações.
Ao passo que, se não utilizarmos os canais de comunicação e plataformas digitais para nos comunicarmos, não só outros colegas do campo da saúde, mas pessoas inabilitadas e sem escrúpulos continuarão disseminando na web informações erradas, falsas promessas e inúmeros golpes.
O marketing médico, realizado com ética e dentro das regras, pode, inclusive, atuar contra esses problemas. Se ocuparmos o nosso espaço com correção, diminuímos a voz dos aventureiros. Marketing e a sua versão digital são ferramentas que, se bem usadas, promovem não só um produto, um serviço, uma marca ou um profissional, mas também bem-estar social e saúde.
*Helen Pessoni é médica, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) e especialista em Cirurgia Vascular e Endovascular pela Associação Médica Brasileira (AMB e SBACV)
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