A nossa vida vai mudar com a IA (MR.Cole_Photographer/Getty Images)
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Publicado em 4 de maio de 2023 às 18h15.
Última atualização em 4 de maio de 2023 às 18h27.
Por Marcelo Schunck*
A inteligência artificial (IA), desde sua criação na década de 1950, vem percorrendo longo caminho evolutivo. Inicialmente, era apenas uma teoria que fascinava cientistas da computação e acadêmicos, como o britânico Alan Turing, que propôs em artigo a construção e teste de máquinas inteligentes. Atualmente, a inteligência artificial se tornou parte de nossa vida com o surgimento de tecnologias como reconhecimento facial, carros autônomos, assistentes de voz, chatbots, automatização industrial, algoritmos em mídias sociais e aprendizado de máquinas. A inteligência artificial é uma ferramenta com capacidade de resolver problemas complexos e executar tarefas repetitivas, e tem sido usada em empresas de praticamente todos os segmentos, principalmente tecnologia, finanças, saúde e transporte, sempre com intuito de melhorar processos e produtos.
O uso da inteligência artificial revolucionou a maneira como as empresas operam e as permitiu aprimorar a eficiência e o desenvolvimento de produtos mais inovadores. No entanto, há também preocupações de que a tecnologia possa ser nociva de alguma forma ao desempenho das empresas quando não forem implementadas corretamente. Entre as vantagens da inteligência artificial, podemos destacar a diminuição do tempo de execução de tarefas, a disponibilidade 24/7 da tecnologia, a melhoria nas tomadas de decisão, além da redução de erros humanos. Por outro lado, entre as desvantagens estão o custo de implementação, incluindo hardware e software de última geração. Há ainda um debate sobre uma eventual diminuição do nível de criatividade humana e impactos ambientais decorrentes do uso intensivo de energia.
Porém, um dos maiores é a aceitação por parte da população. Muitas pessoas ainda estão desconfiadas da inteligência artificial e algumas até têm medo dessa tecnologia – principalmente pelos grandes impactos que podem gerar à sociedade e até mesmo por uma percepção de que ela poderia “tomar o lugar dos humanos” no futuro. Isso sem falar em preocupações sobre as implicações éticas do uso da inteligência artificial. No entanto, à medida que mais gente se familiariza com os recursos e os potenciais benefícios, a maior probabilidade é de que a aceitação também aumente.
O impacto da inteligência artificial nos empregos é uma outra questão que levanta debates frequentes. Embora a inteligência artificial tenha o “potencial” de criar novos empregos e indústrias, ela também pode automatizar tarefas convencionais realizadas por humanos. De acordo com relatório do Fórum Econômico Mundial, cerca de 75 milhões de empregos podem ter sido eliminados em consequência do uso da inteligência artificial entre 2018 e 2022. No entanto, o mesmo relatório sugere que a inteligência artificial pode criar cerca de 97 milhões de empregos até 2025.
No Brasil, a inteligência artificial segue cada vez mais presente. Cerca de 25% das grandes empresas já estão usando a tecnologia. De acordo com um estudo da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes) e da International Data Corporation (IDC), estima-se que os gastos com inteligência artificial no Brasil tenham alcançado US$ 504 milhões em 2022. Além disso, o país é o que mais utiliza inteligência artificial entre as nações latino-americanas.
O site britânico Tortoise Media analisou mais de 140 indicadores de 62 países para classificá-los de acordo com a capacidade de desenvolver tecnologias de inteligência artificial. No ranking, o Brasil ocupa a 39ª posição, à frente de Grécia e Eslováquia. O país também começou discussões a respeito da regulamentação do uso da inteligência artificial, como em seminário organizado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal (CEJ/CJF), em abril, para debater o Marco Regulatório da Inteligência Artificial no Brasil. No Congresso Nacional, o texto que mais avançou é o Projeto de Lei nº 21/2020, que cria um Marco Regulatório para o setor. Foi aprovado na Câmara dos Deputados em setembro de 2021 e, desde então, aguarda votação no Senado Federal.
Enquanto isso, o Brasil tem acompanhado benefícios concretos do uso da inteligência artificial, principalmente em áreas como saúde e finanças. Por exemplo, a inteligência artificial está sendo usada para analisar dados do paciente e fornecer tratamentos personalizados e para detectar fraudes. Além disso, estimulou o surgimento de fintechs que automatizam processos de identificação de oportunidades de investimentos, como na Open, que faz indicações com base em robôs conselheiros.
As oportunidades que a inteligência artificial traz para empresas e indivíduos são enormes. Ela pode ajudar as empresas a melhorarem seu atendimento ao cliente com suporte personalizado, beneficiar indivíduos oferecendo cuidados de saúde e educação e muito mais. Olhando para o futuro, essa tecnologia provavelmente se tornará ainda mais capacitada e continuará a desempenhar um papel importante e cada vez maior nos negócios. As previsões sugerem que a inteligência artificial realizará tarefas que são atualmente impossíveis para os seres humanos, como prever terremotos e analisar dados científicos absolutamente mais complexos.
Porém, apesar dos potenciais benefícios da inteligência artificial, também existem preocupações, como a possibilidade de seu uso para a criação de armas autônomas, consideradas mais perigosas e imprevisíveis, ou até mesmo para perpetuar preconceitos e discriminação.
Independente desse possível cenário, a inteligência artificial é uma ferramenta impressionante, com potencial de revolucionar a maneira como vivemos e trabalhamos. Embora haja preocupações e desafios que precisam ser abordados, os benefícios da inteligência artificial são claros. Como afirmou o físico Stephen Hawking: "O surgimento de uma inteligência artificial poderosa será a melhor ou a pior coisa que já aconteceu à humanidade. Ainda não sabemos qual".
À medida que continuamos a desenvolver e implementar a inteligência artificial, é importante estar ciente dos potenciais benefícios e riscos. Aproveitar as oportunidades ao mesmo tempo que se minimiza e combate possíveis ameaças. Assim, garantimos que a inteligência artificial seja eticamente usada para o bem maior e não apenas para ganhos individuais. À medida que avançamos para um mundo em que essa tecnologia se torna cada vez mais prevalente, devemos garantir que seu uso torne a vida cada vez melhor e mais inteligente.
*Marcelo Schunck é diretor de Soluções de Transformação Digital da Positivo Tecnologia.
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