Ainda que ESG esteja em alta, mulheres estão no front desta batalha. (Klaus Vedfelt/Getty Images)
Bússola
Publicado em 19 de outubro de 2021 às 09h00.
Por Beatriz Leite*
Uma mulher pode muitas vezes reconhecer as dificuldades que outra mulher enfrenta por ser mulher. Dificuldades para se encontrar um trabalho, ao empreender, poder se realizar e fazer o que quer. Ela já sentiu na pele ou conhece alguma mulher que já passou por descrédito, assédio, violência, falta de oportunidades. Por isso, quando as empreendedoras começam seu próprio negócio, conscientemente ou não, elas vão buscar apoiar seus pares.
Para alguns pode parecer favorecimento, para outros, a naturalidade de algo não antes reconhecido: mulheres apoiam mulheres.
A mais recente edição da pesquisa anual sobre empreendedorismo feminino, a pesquisa IRME 2021, traz alguns dados atualizados que reforçam os motivos e a importância desse círculo virtuoso no meio de negócios femininos:
É por esse motivo que, talvez, para um grupo de empreendedores homens não faça sentido discutir o balanço entre família e trabalho ou o impacto das suas relações afetivas no negócio (ainda que, no fundo, eles precisassem até mais do que as mulheres). E mesmo a empreendedora que não viveu uma situação como essas descritas acima, conhece alguma que já viveu. Ela ouve e reconhece a colega que não vem só reclamar da alta de preços dos insumos, mas que o marido achou ruim o fato dela precisar trabalhar no final de semana para conseguir fechar aquele cliente.
Neste momento entra o apoio da mulher para a mulher para além da ideia do “clube da luluzinha”: é o impacto econômico na prática. Ainda conforme os dados da pesquisa IRME 2021, entre as empreendedoras que possuem sociedade, sete em cada dez possuem sócias mulheres. E 73% dos empreendimentos liderados por mulheres são majoritariamente femininos, contra apenas 21% dos empreendimentos liderados por homens.
A sócia ou colaboradora dessa empreendedora passam a ser impactadas com geração de renda direta. Impacto que começa na fundadora do negócio, e se amplia para as famílias das colaboradoras e suas comunidades.
Embora se espere que as lentes de gênero e diversidade sejam cada vez mais fortificadas nas empresas (sejam elas lideradas por homens ou mulheres), e que essas proporções tão desiguais de contratação e liderança homens x mulheres diminuam com o tempo, o fato é que as mulheres estão no front dessa batalha criando empresas e contratando mais mulheres. Elas por elas, mudando o mundo. O círculo virtuoso já existe, só precisamos acreditar e impulsionar.
*Beatriz Leite é gestora de projetos, formada em Gestão Ambiental pela USP e pós-graduada em Gestão de Projetos pelo Senac. Atua há quase 10 anos em negócios e organizações sociais, nas áreas de longevidade, desenvolvimento local, cultura e empoderamento feminino
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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