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7 em cada 10 negros sofreram preconceito em loja, restaurante ou mercado

Grupo Carrefour Brasil anunciou novas medidas antirracismo e fez balanço dos compromissos assumidos, em evento na quarta

Pesquisa mostra que apenas 4% dos brasileiros se consideram racistas, mas 61% já presenciaram discriminação (RyanJLane/Getty Images)

Pesquisa mostra que apenas 4% dos brasileiros se consideram racistas, mas 61% já presenciaram discriminação (RyanJLane/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2021 às 16h44.

Última atualização em 30 de abril de 2021 às 16h50.

Um levantamento do Instituto Locomotiva sobre racismo nas corporações encomendado pelo Carrefour diz que apenas 4% dos brasileiros se consideram racistas, apesar de a maioria achar que o país é racista. Na prática, a realidade: sete entre cada dez negros já sofreram preconceito em lojas, shoppings, restaurantes ou supermercados. "Praticamente não existe divergência na sociedade brasileira sobre a existência do racismo estrutural. No entanto, o brasileiro acha que o Brasil é racista, mas os racistas são outros. Isso só reforça que para ser antirracista é preciso ter tolerância zero", diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

O estudo foi apresentado em durante um evento online organizado peo Carrefour na última quarta-feira (28) e que reuniu mais de 16 mil parceiros para debater o racismo nas corporações, além de divulgar novas medidas em prol da equidade e diversidade na sociedade. Segundo os dados apurados, 61% dos brasileiros afirmam ter presenciado um ato de discriminação racial com negros em estabelecimentos comerciais. Em relação ao mercado de trabalho, 76% dos entrevistados consideram que pessoas negras são discriminadas em suas profissões atuais ou durante a busca por novas oportunidades de emprego.

Também participaram do evento os CEOs Marcelo Melchior, da Nestlé,  e Juliana Azevedo, da P&G, e nomes conhecidos no combate ao racismo como Rachel Maia, Silvio Almeida, Celso Athayde e Adriana Barbosa.

Para o advogado, filósofo e professor Silvio de Almeida, o brasileiro, em geral, trata como padrão a falta de negros, pretos e pessoas de pele parda ou retinta em diversos setores da sociedade. "Se olharmos para o nosso cotidiano, vamos perceber que tornamos como absolutamente normal a não convivência com pessoas negras e a não convivência com pessoas indígenas, por exemplo. Ou seja, nós naturalizamos a ausência de determinados grupos sociais, especialmente em espaços de tomada de decisão."

Rachel Maia, ex-CEO da Lacoste no Brasil e que atualmente ocupa cadeira em conselho de diversas empresas, reforçou a importância da diversidade nas lideranças. “As pessoas precisam entender que a pluralidade tem que estar no olhar. Somente assim a gente vai passar a ter líderes negros, pretos, pessoas de pele parda ou retinta sentados na cadeira de presidente.”

Paralelamente ao evento, o Grupo Carrefour lançou a campanha #juntosparatransformar, criada pela Publicis, com consultoria do Plano Feminino.  A campanha será veiculada em canais da TV aberta e paga no horário nobre, jornal, redes sociais e lojas da rede.

Impacto positivo

Durante o evento, o Grupo Carrefour Brasil também anunciou um novo compromisso no combate ao racismo. A partir de agora, a empresa passa adotar uma cláusula antirracista em todos os seus contratos com fornecedores e prestadores de serviço em todo o país. A medida apresentada especifica que qualquer fornecedor, ou prestador de serviço, que apresentar uma atitude racista terá o contrato rompido e sofrerá a aplicação de uma multa, que será revertida em ações para valorização dos direitos humanos. Além da nova cláusula, o grupo trouxe um balanço dos oito compromissos assumidos para combater a discriminação racial, apresentados em novembro do ano passado, após a morte de João Alberto em uma de suas lojas, em Porto Alegre.

Para Noel Prioux, CEO do grupo, é função da organização liderar o debate sobre temática junto ao mercado e compartilhar com todos os aprendizados adquiridos nas mais diversas frentes de combate ao racismo. “Nosso papel vai muito além da simples geração de lucro, receita e empregos. Devemos ter um impacto positivo na sociedade como um todo através das nossas ações, promovendo a diversidade e agindo verdadeiramente como antirracistas”, disse.

Um dos temas-chave dos compromissos, a segurança interna das lojas, teve destaque na apresentação. A empresa falou das novas diretrizes, que abrangem um tom mais acolhedor por parte dos fiscais. Com investimento de mais de R$ 5 milhões, foram implementadas mudanças como internalização dos agentes de fiscalização, o que está em piloto em Porto Alegre e deve ser multiplicado para todas as lojas do Brasil até o mês de outubro, e capacitação. Ainda foram abordados projetos de fomento ao empreendedorismo negro, apoio a iniciativas de combate ao racismo e fortalecimento de organizações da sociedade civil com ênfase na população negra no Brasil.

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