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3 perguntas de ESG para Camila Amaral, da Coca-Cola Femsa

VP Jurídica e de Assuntos Corporativos diz que a companhia será net zero em plástico até 2025 e que já coletou 1,6 bilhão de pets, desde 2019

Camila Amaral, VP Jurídica e de Assuntos Corporativos da Coca-Cola Femsa. (Divulgação/Divulgação)

Camila Amaral, VP Jurídica e de Assuntos Corporativos da Coca-Cola Femsa. (Divulgação/Divulgação)

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Publicado em 3 de fevereiro de 2022 às 09h00.

Por Renato Krausz*

Qual o tamanho do desafio com as garrafas PET e como a Coca-Cola Femsa está lidando com ele?

Camila Amaral: O plástico é considerado pela ONU o maior desafio ambiental do século 21. Na Coca-Cola Femsa Brasil não é diferente: temos como meta coletar e reciclar 100% das embalagens que colocamos no mercado até 2025. No entanto, enfrentamos um cenário global de deficiência na coleta seletiva, reutilização e reciclagem do material PET, o que resulta em pouco insumo para atender a indústria recicladora.

Por isso, estamos mais comprometidos do que nunca em acelerar a transição para uma economia circular atrelada ao desenvolvimento socioeconômico. Quando olhamos para todo o ciclo de vida das embalagens, desde a produção até o pós-consumo, percebemos que, além de implementar uma solução inovadora e sustentável para fazer a matéria-prima chegar aos recicladores, tínhamos a oportunidade de mudar a vida de muitas pessoas.

Foi a partir dessa filosofia que nasceu a SustentaPET, nosso centro de coleta e destinação de garrafas pós-consumo para transformação em resina reciclada. Desde o início da operação, em 2019, já coletamos 1,6 bilhão de PETs, o que corresponde a 41 mil toneladas de garrafas plásticas que foram destinadas corretamente para a indústria recicladora.

Com essa iniciativa, nos tornamos a primeira engarrafadora do Sistema Coca-Cola a fabricar e envasar água mineral Crystal em embalagens 100% recicladas. Atualmente, temos duas unidades em operação, ambas em São Paulo, e em breve estaremos expandindo o modelo para outras cidades em que operamos.

Mas, apesar do avanço que a SustentaPet proporciona, o Brasil tem enormes desafios para que possamos aumentar o volume de PETs reciclados. Desde o acesso à matéria-prima, a informalidade dos trabalhadores, passando pela educação da população, há diversas questões que precisam ser superadas para avançarmos na reciclagem.

Na SustentaPET, o material é comprado por um preço mais justo de cooperativas, catadores individuais, ferros-velhos e sucateiros cadastrados e fidelizados, o que impacta positivamente em todo o ciclo de logística reversa. Por isso, acreditamos que o incentivo e a profissionalização dos catadores, simultaneamente à inserção desses grupos na população economicamente ativa, podem contribuir para viabilizar e ampliar a coleta seletiva em âmbito nacional.

A eficiência hídrica também é de extrema importância nessa indústria. Quais foram os principais avanços em 2021?

Camila Amaral: A água é a principal matéria-prima de nossos produtos e essencial para a sobrevivência da humanidade. Por isso, temos um compromisso permanente com a eficiência e a gestão responsável de recursos hídricos, o qual cumprimos por meio de investimentos em tecnologia, inovação e melhorias contínuas para promover seu uso racional.

Entre as iniciativas dentro de nossas plantas, posso destacar a modernização das linhas de produção para aprimorar o aproveitamento da água, a reutilização de água de enxágue nas lavadoras e redução de água em filtros, entre outros processos e métodos que permitam a importante e necessária diminuição do consumo.

Como exemplo, a fábrica de Mogi das Cruzes, onde são envasadas as embalagens 100% recicladas da água mineral Crystal, reaproveita 60% da água da lavagem de garrafas em áreas como banheiros, vestiários, hidrantes, torres de resfriamento, limpeza e jardinagem, evitando a necessidade da utilização de água limpa para estes fins.

Outra frente de gestão hídrica é a restauração de florestas, importante ação para a melhoria da qualidade e quantidade da água disponível na medida em que contribui para a manutenção do ciclo hidrológico. Em parceria com o SOS Mata Atlântica, Coca-Cola e Prefeitura de São Paulo, já plantamos 100 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica no Parque Anhanguera, responsável pelo abastecimento da capital paulista, beneficiando diretamente regiões estratégicas para a captação de água para a população local.

Já no início de 2022, daremos início a um esforço coletivo entre iniciativa privada e o setor público na preservação de um dos mais importantes patrimônios naturais brasileiros, a Serra do Japi, localizada na cidade de Jundiaí. Vamos investir no monitoramento, na fiscalização e, o mais importante, na educação da comunidade sobre a importância da preservação da área considerada pela Unesco como a “Reserva da Biosfera da Mata Atlântica”.

Se você fosse premiar a principal ação social da empresa no ano passado, qual seria?

Camila Amaral: É impossível escolher uma única ação social. Em 2021, a Coca-Cola Femsa completou 18 anos no Brasil. Nesse período, desenvolvemos diversos projetos guiados por nossa missão de gerar valor econômico, social e ambiental nos lugares em que estamos presentes.

Uma iniciativa muito relevante, por exemplo, é o edital “Ideias para um Mundo Melhor”, que há sete anos financia ONGs dedicadas a amenizar desigualdades sociais. Apenas em 2021, destinamos recursos a 13 projetos sociais em dez diferentes localidades, impactando 14 mil pessoas com projetos voltados para as áreas de inclusão, meio ambiente e geração de renda. E, para incentivar o maior número de inscrições, a companhia oferece, em parceria com a ONG Parceiros Voluntários, cursos de capacitação para a elaboração de projetos, metas e indicadores, ampliando e democratizando o edital.

Em outra frente, diante do cenário de pandemia, nos vimos no dever de contribuir para apoiar o combate à crise sanitária e econômica. Desde 2020, a Coca-Cola Femsa Brasil se mobilizou para colaborar com doação de testes voltada prioritariamente aos profissionais de saúde do Estado de São Paulo, além do transporte de 500 mil litros de álcool 70% para doação ao Sistema Público de Saúde de São Paulo e apoio na entrega de máscaras, aventais, cilindros de oxigênio e cestas básicas.

Logo no início da pandemia, também doamos 400 mil garrafas de água mineral Crystal a 20 hospitais nos territórios em que estamos presentes, colaborando com a hidratação dos profissionais da linha de frente da saúde.

Em parceria com a The Coca-Cola Company e a ONG Ação da Cidadania, protagonizamos o movimento “Por Todas as Mesas”, que levou refeições com bebidas e cestas básicas a 2,5 milhões de brasileiros atingidos pelas crises sanitária e econômica. E fechamos 2021 aderindo ao Natal Sem Fome, com a doação de 4,4 mil cestas em 26 cidades por onde passam as caravanas de Natal.

*Renato Krausz é sócio-diretor da Loures Comunicação

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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