Coronavírus: Oficiais do governo do Estado do Rio de Janeiro, desinfetam contra um dos terminais rodoviários na barra da tijuca, oeste da cidade (Fabio Teixeira/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 23 de abril de 2020 às 06h26.
A escalada de casos do novo coronavírus não para no Rio, assim como as mortes causadas pela doença. Na Zona Oeste, região que lidera as denúncias do “Disque aglomeração” da prefeitura, os números causam ainda mais preocupação. Das 303 mortes na capital até esta quarta-feira, pelo menos 105 aconteceram em bairros da área: mais de um terço – 34,6%.
Apesar de Copacabana, bairro da Zona Sul, liderar o triste ranking de óbitos pela Covid-19 há algumas semanas, com 18 vítimas, Campo Grande já aparece em segundo lugar, com uma morte a menos: 17. Apenas Barra da Tijuca – bairro com mais casos confirmados, 237 –, Realengo, Bangu e Recreio dos Bandeirantes, se somados, resultam em mais 42 mortes.
O desrespeito às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Ministério da Saúde e dos próprios governos estadual e municipal, pode ser um dos fatores por trás de números tão preocupantes. No "Disk aglomeração" da prefeitura, dos 2.922 chamados feitos até esta quarta, a maior parte da demanda foi exatamente de queixas contra grupos de pessoas em estabelecimentos comerciais e áreas públicas em Campo Grande, Bangu, Realengo e Santa Cruz.
De acordo com dados obtidos pela movimentação de celulares, nesta quarta-feira, dos dez bairros com maior aglomeração de pessoas*, nove ficam na Zona Oeste. Veja os seis primeiros:
Barra da Tijuca: 6,4 mil pessoas nas ruas ao longo do dia
Anil: 4,6 mil pessoas nas ruas ao longo do dia
Jacarepaguá: 4,39 mil pessoas ao longo do dia
Campo Grande: 4,38 mil pessoas ao longo do dia
Bangu: 4,19 mil pessoas ao longo do dia
Santa Cruz: 3,62 mil
Fonte: *dados referentes a celulares da TIM, levantados pela empresa de telefonia
"É um reflexo de toda esta aglomeração. Quanto maior a aglomeração, maior a transmissão de casos da Covid-19, sem dúvidas. Na Barra da Tijuca, atribuo mais ao fato de ter sido onde os primeiros casos surgiram, por causa do alto poder aquisitivo de quem mora lá e viaja para outros países, mas observamos muitas pessoas desrespeitando o isolamento em Campo Grande, Realengo, Padre Miguel", diz o médico infectologista Edimilson Migowski, da UFRJ.
Sobre a reação ao ‘Drone falante’ da prefeitura em Campo Grande, quando o gadget acabou acumulando mais gente do que de fato as afugentando, Migowski diz que toda tentativa é válida, mas é preciso reconhecer, também, quando elas não dão certo.
"Educar toda uma população é de fato uma tarefa muito complicada. Exige um marketing pesado. Como estamos diante de algo muito novo, eu até acho válidas estas iniciativas, mas é tão louvável quanto, parar se a iniciativa se mostrar ineficiente, como foi o caso. Acho que pode ser feito na Zona Oeste como andaram fazendo nas praias, o uso dos bombeiros, uma instituição que goza de prestígio com a população, pedindo para que as pessoas voltem para casa. Foi uma das medidas que mais me chamou atenção", opina.
Fonte: Painel da Prefeitura do Rio, em 22 de abril de 2020
Fonte: Painel da Prefeitura do Rio, *em 22 de abril de 2020