JOSÉ YUNES: / Lailson Santos/VEJA
Da Redação
Publicado em 24 de fevereiro de 2017 às 18h54.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h36.
Nesta sexta-feira de véspera de Carnaval, sem sessões nem eventos oficiais em Brasília, a pauta política foi a bombástica revelação de José Yunes, amigo e ex-assessor especial de Michel Temer, sobre um tal pacote destinado ao ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e recebido em seu escritório. Segundo relato dado à Procuradoria-Geral da República, Yunes atendeu um favor pedido por Padilha de intermediar uma “encomenda” enviada ao ministro por Lúcio Funaro, operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso pela Operação Lava-Jato.
É a confirmação da história contada que derrubou Yunes do governo, revelada em delação por Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht. O empresário afirma que Temer requisitou a Marcelo Odebrecht 10 milhões de reais para campanhas do PMDB e que parte desse dinheiro foi entregue “via Eliseu Padilha” no escritório de Yunes em setembro de 2014.
Yunes afirma que desconhecia que se tratava de dinheiro sujo. “Fui um mula do Padilha”, disse à revista VEJA. “Parecia um documento com um pouco mais de espessura. Mas não dava para saber o que tinha ali dentro.” Padilha negou as acusações e se licenciou do governo para uma cirurgia na próstata. Não se sabe se ele volta. Pela “Lei de Temer”, os ministros só seriam afastados ao ter denúncia aberta na Procuradoria-Geral da República, o que não aconteceu. A consultoria política Eurasia diz que é questão de tempo para Padilha cair.
O certo é que o episódio põe tempero no que serão os efeitos da delação da empreiteira, prestes a ter o sigilo levantado pela Justiça. Para esquentar ainda mais, Marcelo Odebrecht e colegas de empreiteira vão depor na semana que vem no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer por abuso de poder econômico. Em nota, a Presidência afirmou que pediu apenas “ajuda formal” à Odebrecht, e que todas as doações ao PMDB em 2014 foram declaradas “na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral”. Julgar se isso é verdade ou não é a tarefa do TSE.