Wilson Witzel: governador do Rio de Janeiro (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de setembro de 2019 às 20h39.
Sem citar expressamente a decisão do PSL de deixar a base de apoio de sua administração, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSL), alfinetou o partido, durante evento nesta quarta-feira, 18, ao elogiar "quem tem lado" e "cumpre com a palavra".
"O deputado estadual Max Lemos (MDB) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), durante a eleição tinham outro candidato e foram até o fim com o candidato deles. E eu valorizo quem tem lado, quem tem palavra e cumpre com a palavra. Depois de nós vencermos a eleição, o MDB se reuniu comigo, assim como outros partidos, e disse: Governador, grande parte das suas propostas são nossas propostas. Queremos estar juntos do governo. Isso é demonstração de lealdade, de fortalecimento da democracia, e quem ganha com isso é a população", afirmou o governador durante a cerimônia de abertura do 1º Encontro Nacional dos Diretores de Departamentos de Homicídios das Polícias Civis, realizado na Academia de Polícia Sylvio Terra (Acadepol), no centro do Rio.
Em outro momento, Witzel citou o senador Flávio Bolsonaro, presidente estadual do PSL no Rio e responsável pela decisão de deixar a base aliada do governo. O governador agradeceu a Flávio pela articulação que garantiu a aprovação, no Senado, de um projeto de lei que garante a distribuição a Estados e municípios de recursos obtidos pelo governo federal com leilões de blocos de exploração de petróleo.
"Agradeço ao Flávio Bolsonaro por isso e por ter caminhado comigo durante as eleições. Lá em Nova Iguaçu nós caminhamos juntos no calçadão, rumo à vitória. Agradeço todo o trabalho do senador. Queria dizer ao Flávio que meu projeto político é o mesmo dele: governar bem o Rio, juntamente ao Congresso Federal e o Senado da República", concluiu.
Dois dias após perder o apoio do PSL, sob acusação de querer disputar a Presidência da República, em 2022, mesmo contra Jair Bolsonaro, Witzel afirmou que o projeto para o Brasil não é seu, mas de seu partido.
O governador afirmou que o PSC tem um projeto para o Brasil: "Não é um projeto Wilson Witzel. Eu apenas sou presidente de honra do partido. O partido tem um projeto para o Brasil", disse.
Witzel também criticou a decisão de Raquel Dodge, que na terça-feira, 17, em seu último dia como procuradora-geral da República, pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que a investigação dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes seja transferida da Polícia Civil do Rio para a Polícia Federal.
"Registro a mais absoluta discordância com o pedido de federalização. Com todo respeito à Raquel Dodge, ela está politizando a situação. Será que a Polícia Federal vai ser melhor que a Polícia Civil?", questionou Witzel.
"Tenho respeito pelos delegados de Polícia Federal, mas sabem investigar lavagem de dinheiro, tráfico internacional, corrupção. A PF não tem expertise nenhuma na investigação de crimes de homicídio", prosseguiu o governador. "Será que a Polícia Federal tem mais capacidade técnica do que as polícias para investigar? A PF não tem departamento de homicídios", questionou.
Witzel negou haver risco de o Estado do Rio ser excluído do Regime de Recuperação Fiscal, como tem sido alertado pelo governo federal: "Se olharmos quais são esses riscos que a Secretaria do Tesouro Nacional está apontando, vamos verificar que é muito pouco, não chega nem a R$ 100 milhões. São bobagenzinhas que serão resolvidas", afirmou o governador.