Witzel: governador do Rio modificou as regras de gratificação a policiais (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Agência Brasil
Publicado em 24 de setembro de 2019 às 10h56.
Última atualização em 24 de setembro de 2019 às 13h54.
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, publicou hoje (24) um decreto que modifica as regras para concessão de gratificação a policiais por redução de indicadores de criminalidade no Rio de Janeiro. O novo decreto deixa de considerar a redução dos homicídios decorrentes de intervenção policial como uma meta estratégica para a concessão da gratificação.
O decreto mantém apenas os homicídios dolosos, latrocínios (roubos seguidos de morte) e lesões corporais seguidas de morte entre as metas de redução de letalidade violenta.
Com a mudança no texto, não há mais a necessidade de se reduzir as mortes provocadas pela polícia para que a gratificação seja recebida.
O novo decreto foi publicado menos de uma semana depois da morte da menina Ágatha Félix, de oito anos, durante uma operação policial no Complexo do Alemão, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, na última sexta-feira (24). A Polícia Civil investiga se o tiro foi disparado por policiais militares e se havia confronto no momento do disparo.
Além de retirar os homicídios decorrentes de intervenção policial do texto, o novo decreto inclui a redução do roubo de cargas como meta, ao lado dos roubos de veículos e roubos de rua.
Sob a gestão de Witzel, a polícia do Rio tem batido recorde de letalidade. Em julho, 194 pessoas foram mortas em ações do Estado, o maior número desde o início da série histórica, em 1998.
Em 2019, até agosto, 1.249 pessoas foram mortas pela polícia nessa situação. No mesmo período de 2018, esse número foi de 723 - houve aumento de 72,7%, portanto.
Procurado pela reportagem, o governo do Estado não se pronunciou sobre a mudança nas regras de bonificações a policiais até a publicação desta matéria.
Na segunda-feira, Witzel concedeu entrevista coletiva na qual lamentou a morte da criança, mas culpou usuários de drogas e defendeu as operações realizadas por sua gestão. "É indecente usar caixão como palanque", declarou o governador.