Câmara dos Deputados: Weintraub foi convocado por parlamentares para explicar o contingenciamento na área da educação (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de maio de 2019 às 18h42.
Brasília — O ministro da Educação, Abraham Weintraub, partiu para o ataque na tarde desta quarta-feira (15) durante audiência na Câmara para explicar os cortes na Educação.
Ao defender o uso de recursos recuperados de corrupção na área, afirmou ter a ficha limpa, não ter passagem pela polícia e ter sua carteira assinada.
Em seguida, de forma irônica, provocou os deputados: "Fui bancário. Carteira assinada. Viu, azulzinha, não sei se vocês conhecem", afirmou, provocando vaias de parte dos parlamentares que assistia a audiência. Um coro se formou, com deputados gritando "demissão".
Weintraub foi convocado por parlamentares para explicar o contingenciamento na área da educação. Numa exposição de 30 minutos, uma versão revista da que ele expôs no Senado há alguns dias, o ministro defendeu a prioridade para creches e educação básica, irritando os parlamentares, por não falar diretamente sobre o contingenciamento determinado pelo governo.
Diante das primeiras críticas ouvidas dos deputados Paulo Pimenta e Orlando Silva, Weintraub não ficou na defensiva e adotou um discurso também agressivo.
Citou a ex-presidente Dilma Rousseff, numa referência a manobras nas contas que levaram ao pedido de impeachment. Mais tarde, a líder da minoria na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), questionou, dentre outros temas, se o ministro havia dito e se mantinha a fala de que "comunistas mereciam uma bala na cabeça".
"Eu sou comunista e estou aqui, ministro", disse Feghali. E ele, mais uma vez, aumentou o tom.
"Não tenho passagem pela polícia por ameaça, agressão. Não tenho processo trabalhista. Minha ficha é limpíssima, não tenho mácula. Tiveram que voltar 30 anos na minha vida para obter um boletim ruim porque eu tinha arrebentado o meu braço, obtido de forma ilegal", disse. "Outra coisa, bala na cabeça, quem prega, não é esse lado aqui."
Diante dos gritos ele elevou o tom para falar sobre o ex-presidente Lula que, ressaltou "hoje está preso." O ministro afirmou que uma colega teria sido demitida por influência do ex-presidente, que teria pedido o cargo da funcionária à presidência do banco Santander, depois de ela fazer críticas ao ex-presidente.
"O amigo do banqueiro e o Lula que pediu a cabeça da colega de profissão. Foi o Lula que humilhou e falou que era para o banco pagar o bônus para ele." Minutos depois, mais calmo, ele disse estar "aberto ao diálogo."