Eduardo Cunha: o presidente da Câmara ressaltou que não dará entrevistas após ser instalada a comissão especial do impeachment para "não contaminar o processo" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2016 às 23h26.
Brasília - Em jantar realizado com integrantes da cúpula do PMDB e correlegionários na noite desta sexta-feira, em Brasília, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que irá dar prosseguimento ao processo do impeachment da presidente Dilma Rousseff logo após decisão final do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o rito da ação.
O encontro ocorre na véspera da Convenção Nacional do PMDB, prevista para este sábado, que deverá reconduzir o vice-presidente da República, Michel Temer, ao comando do partido, posto que ocupa desde 2001.
"Vou instalar a comissão do impeachment no dia seguinte à decisão do STF" disse Cunha no evento para alguns dos presentes. Segundo ele, pretender ser "rigorosíssimo" em relação aos tramites do processo.
Os ministros do STF se reúnem na próxima quarta-feira (16) para analisar os recursos contra decisão da Corte, que alterou o rito do impeachment no Congresso Nacional.
Nas conversas com peemedebistas, Eduardo Cunha também considerou como um "tiro no pé" a iniciativa do Palácio do Planalto em recorrer à Suprema Corte após a Câmara ter estabelecido um rito para o processo de afastamento da presidente Dilma que acabou sendo reformado pelo STF.
"Eles poderiam ter acabado com isso logo na comissão especial. Esperaram a crise aumentar e a situação se deteriorar. Foi um tiro no pé", avaliou Cunha.
Nas conversas com os peemedebistas, o presidente da Câmara ressaltou que não dará entrevistas após ser instalada a comissão especial do impeachment para "não contaminar o processo".
Em uma outra mesa do evento, o vice-presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RR), também fazia análise sobre o momento atual do governo no Senado e no Congresso. "A coisa está muito ruim. Eu já avisei ao José Pimentel (líder do governo no Congresso) e ao Humberto Costa (líder do governo no Senado) de que, se não segurar o processo de impeachment na Câmara, já era", ressaltou.
Nas rodinhas dos peemedebistas, a avaliação corriqueira é de que uma vez instaurado o processo de afastamento de Dilma, o "destino dela" estará selado em até 45 dias.
No jantar, também virou motivo de piada a iniciativa da presidente Dilma em convocar a imprensa no dia para dizer que não vai renunciar. "Ninguém perguntou para ela. Ela só reforça o tema. Deve ter sido ideia do Mercadante (ex-ministro da Casa Civil e atual ministro da Educação) que estava rindo na hora da coletiva", disparou um integrante da cúpula do PMDB. (Erich Decat)