Câmara: o líder do DEM, Pauderney Avelino acha pouco provável que o projeto seja votado sem um acordo entre as bancadas (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2016 às 17h05.
Brasília - A votação do projeto que altera a atual lei de repatriação de recursos não declarados no exterior segue indefinida na Câmara dos Deputados.
Enquanto o relator da proposta não descarta que possa ocorrer mesmo sem consenso entre os partidos, lideranças na própria base governista que encaram a possibilidade com cautela.
O relator, deputado Alexandre Baldy (PTN-GO), reconhece que o cenário ideal envolveria um acordo com a bancada do PT, para permitir que mesmo com um quórum não muito elevado a proposta possa ser levada a votação.
Mas questionado se seria possível levar a proposta para o debate mesmo sem a adesão do PT, Baldy afirmou que essa é uma "perspectiva".
"O próprio Ministério da Fazenda julgou que a lei (atual) é adequada, mas entende que essa alteração pode ser efetiva. Nós preferimos tentar construir esse acordo", disse o relator a jornalistas.
"Se houver quórum, com certeza a base tem número suficiente para votar", disse. "Isso é uma decisão do colégio de líderes que eu creio que ainda não esta descartada."
Já para o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), no entanto, a possibilidade tem de ser encarada com ressalvas. O líder acha pouco provável que o projeto seja votado sem um acordo entre as bancadas.
"Eu entendo que só pode ser votado se houver acordo. Eu não acredito que o presidente (da Câmara) Rodrigo Maia (DEM-RJ) concorde em votar essa matéria, mesmo porque o prazo é muito exíguo se não for votar amanhã por acordo", disse Pauderney.
Na semana passada, o relator da proposta sustentava que a proposta poderia ser levada a plenário se houvesse acordo, diante da pressão de governadores para mobilizar suas bancadas.
O projeto chegou a ser pautado na última semana, mas foi retirado de pauta pelo presidente da Câmara, após constatar que a sessão poderia cair por conta do quórum baixo e da resistência do PT à proposta.
Na ocasião, Maia afirmou que não o colocaria mais em pauta. Abaixou o tom, depois, e chegou a admitir que o projeto poderia voltar à pauta nesta semana, desde que houvesse acordo.
O texto redigido por Baldy prevê que a base para incidência de multa e tributos passará a considerar o saldo em 31 de dezembro de 2014 --ou a foto, como referem-se deputados--, e não mais o fluxo movimentado até essa data --o chamado filme--, como prevê a lei atual.
A mudança tem a intenção de incentivar um número maior de adesões ao programa de regularização.
Na tentantiva de facilitar sua aprovação e de destinar recursos a Estados e municípios, a proposta também prevê que os entes federados fiquem com cerca de metade do que for arrecadado com multas depois que elas excederem a marca de 25 bilhões de reais.
Pela lei atual, apenas o imposto de 15 por cento sobre os valores regularizados é compartilhado com os entes, sendo a multa inteiramente direcionada para a União.
Além disso, o projeto estende o prazo de adesão à repatriação para 16 de novembro, no lugar de 31 de outubro, como prevê a lei atual.