Arouca: "É lamentável e inaceitável que ainda haja espaço para esse tipo de coisa hoje em dia. Isso só mostra que o ser humano ainda tem muito a evoluir e a crescer" (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2014 às 12h50.
Rio de Janeiro - O volante do Santos Arouca, com passagem pela seleção brasileira, foi vítima de agressão racista por parte da torcida do Mogi Mirim após partida entre as equipes na noite de quinta-feira, em mais um caso de racismo no futebol brasileiro a três meses da Copa do Mundo.
Foi o segundo caso de racismo no futebol em dois dias. Na véspera, um árbitro tinha sido chamado de macaco durante partida no Rio Grande do Sul.
Arouca, que marcou um dos gols na goleada de 5 x 2 do Santos pelo Campeonato Paulista fora de casa, disse ter sido ofendido na saída de campo após a partida por um torcedor do time rival que o mandou procurar alguma equipe da África para jogar.
O jogador disse não ter ouvido os gritos de macaco contra ele relatados por repórteres que estavam na partida, mas disse que, se de fato ocorreram, tornam o fato ainda pior.
"É lamentável e inaceitável que ainda haja espaço para esse tipo de coisa hoje em dia. Isso só mostra que o ser humano ainda tem muito a evoluir e a crescer, que não estamos nem perto de um mundo que viva a harmonia entre as pessoas e todas as suas diferenças", disse Arouca, de 27 anos, em nota oficial.
"Espero, sinceramente, que casos como esse sejam severamente punidos, pois, enquanto isso não acontecer, nada vai mudar. A impunidade e a conivência das autoridades com as pessoas que fazem esse tipo de coisa são tão graves quanto os próprios atos em si", acrescentou.
O caso aconteceu na noite seguinte a outro incidente de racismo, este contra um árbitro em uma partida do Campeonato Gaúcho. O juiz Márcio Chagas da Silva disse ter sido chamado de macaco, entre outras ofensas racistas, por torcedores do Esportivo durante partida contra o Veranópolis, em Bento Gonçalves.
O árbitro divulgou fotos nas redes sociais de seu carro, que estava estacionado no estádio, com marcas de agressões e com duas bananas sobre o capô.
Os casos de racismo nos campos de futebol do país acontecem menos de um mês depois de o jogador Tinga, do Cruzeiro, ter sido alvo de ofensas racista em partida da Copa Libertadores no Peru contra Real Garcilaso.
A cada vez que tocava na bola Tinga era agredido pela torcida peruana com imitação de sons de macaco, num incidente que despertou reação indignada de dirigentes esportivos, jogadores e até da presidente Dilma Rousseff.