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Bolsonaro representa “liberação das amarras ideológicas”, diz Villas Bôas

O general Eduardo Villas Bôas afirmou que o presidente "traz a necessária renovação e a liberação das amarras ideológicas que sequestraram o livre pensar"

Villas Bôas: apesar das críticas, o militar agradeceu à ex-presidente Dilma Rousseff por sua nomeação (Rafael Carvalho/Divulgação)

Villas Bôas: apesar das críticas, o militar agradeceu à ex-presidente Dilma Rousseff por sua nomeação (Rafael Carvalho/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de janeiro de 2019 às 12h44.

Última atualização em 11 de janeiro de 2019 às 14h06.

Brasília - Ao deixar o cargo de comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas fez um forte discurso político no qual disse que o presidente Jair Bolsonaro resgatou o Brasil das amarras ideológicas. Ele foi substituído por Edson Leal Pujol. A cerimônia de troca do comando ocorreu nesta sexta-feira, 11, no Clube do Exército, em Brasília, com a presença do presidente.

Diante de Bolsonaro, Villas Bôas afirmou que o presidente "tirou o País da amarra ideológica que sequestrou o livre pensar" e "tirou o País do pensamento único e nefasto". O militar também destacou que o Exército é "democrático, apartidário e integralmente dedicado à Nação". Ao final, Villas Bôas foi aplaudido de pé e cumprimentado por Bolsonaro.

"O senhor traz a necessária renovação e a liberação das amarras ideológicas que sequestraram o livre pensar e nublaram o discernimento e induziram a um pensamento único e nefasto como assinala o jornalista americano Walter Lippmann: 'Quando todos pensam da mesma maneira é porque ninguém está pensando'", afirmou.

O comandante, que sofre de uma doença degenerativa e está em uma cadeira de rodas, fez apenas uma saudação com agradecimentos. Com dificuldade para falar, seu discurso de ordem do dia foi lido por um mestre de cerimônia.

Apesar das críticas, Villas Bôas agradeceu à ex-presidente Dilma Rousseff e ao ex-ministro Jaques Wagner por sua nomeação. Também agradeceu ao ex-presidente Michel Temer por tê-lo mantido no cargo e pela sua postura em relação à instituição.

O comandante enalteceu três personalidades, entre elas o ministro Sérgio Moro (Justiça), a quem chamou de "protagonista da cruzada contra a corrupção". Nos quatro anos em que ficou à frente do Exército, o Brasil enfrentou o ápice da Operação Lava Jato, que revelou escândalos de corrupção envolvendo políticos e empresários. Como juiz federal, Moro foi responsável pelas ações da operação na primeira instância em Curitiba.

No início do ano, logo após assumir a Presidência, Bolsonaro agradeceu ao trabalho de Villas Bôas. "O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui", discursou o presidente, durante a cerimônia de transmissão de cargo no Ministério da Defesa.

Em abril do ano passado, Villas Bôas se envolveu em uma polêmica ao fazer, na véspera do julgamento de um habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Supremo Tribunal Federal (STF), um post no Twitter repudiando a "impunidade" e dizendo que o Exército estava "atento às missões institucionais".

Papel da imprensa

Em sua fala, Villas Bôas também enalteceu o papel da imprensa, que - conforme disse - de forma "vigilante" contribuiu para o aperfeiçoamento institucional do Exército.

Legado

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse, durante a passagem do comando do Exército, que a principal contribuição do general Eduardo Villas Bôas, foi "o que ele conseguiu evitar". O ministro citou a instabilidade política que marcou os quatro anos em que o general comandou a força, sem falar abertamente sobre o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e as eleições de 2018.

"A maior entrega foi o que ele conseguiu evitar", disse o ministro, durante discurso no Clube do Exército. Também general, o ministro afirmou que Villas Bôas exerceu o cargo "num tempo que guarda as marcas das instabilidades que colocaram à prova a maturidade das instituições democráticas brasileiras, incluídas as Forças Armadas".

Azevedo e Silva disse que Villas Bôas tem estilo "justo e humano" e foi uma "liderança conciliadora", tendo pautado seu período de comando pela "legalidade e estabilidade", com respeito à democracia.

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