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Vídeo comprova existência de índios Kawahiva no Mato Grosso

Tribo nômade ligou sua sobrevivência à fuga permanente das ameaças da civilização


	Índio: Kawahivas se caracterizam por serem fugidios, por não manter contato nem com o homem branco nem com outras tribos da região
 (Marcello Casal Jr/ABr)

Índio: Kawahivas se caracterizam por serem fugidios, por não manter contato nem com o homem branco nem com outras tribos da região (Marcello Casal Jr/ABr)

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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2013 às 08h47.

Rio de Janeiro - A Funai apresentou nesta quarta-feira um vídeo inédito sobre os índios Kawahiva, tribo nômade que ligou sua sobrevivência à fuga permanente das ameaças que a civilização levou à Amazônia.

O vídeo de dois minutos, filmado em 2011 e divulgado agora, mostra um grupo de homens, mulheres e crianças caminhando nus pela selva, levando arcos e longas flechas de até meio metro de comprimento.

O coordenador geral do escritório de Índios Isolados e Recém Contatados da Funai, Carlos Travassos, explicou à Agência Efe que decidiu divulgar o vídeo como "prova" da existência da tribo, que foi questionada por latifundiários que ambicionam essas terras remotas no norte do estado do Mato Grosso.

"Os kawahivas vivem em terras do Estado. Mas há proprietários que têm fazendas dentro (da reserva) e abriram processos questionando os dados da Funai, alegam que são inconsistentes", explicou Travassos.

A Funai sabe da existência da tribo Kawahivas desde 1999, quando foi documentada detalhadamente com fotografias de utensílios, de pegadas e do rastro de seus deslocamentos, em uma tarefa "que se assemelha ao estudo de um lugar arqueológico".

A Fundação conseguiu no fim de julho que um tribunal autorizasse a delimitação de um território de 411.848 hectares em que só é permitida a entrada de não índios com autorização da Funai. Mas a reserva só pode ser criada depois de resolvidos os litígios com os fazendeiros, e da análise final do Ministério da Justiça.

Os dados colhidos pela Funai permitem saber que os Kawahivas são caçadores e coletores de frutas, que se deslocam constantemente, em parte pela pressão dos mineiros ilegais, dos agricultores, dos madeireiros e dos proprietários ilegais, estes considerados a "maior ameaça" a sua sobrevivência.

Os Kawahivas se caracterizam por serem fugidios, por não manter contato nem com o homem branco nem com outras tribos da região, mas com elas compartilham a mesma família linguística, o tupi.


"A população indígena provavelmente teve um contato ruim com nossa sociedade, por isso se esquiva de qualquer contato, inclusive com as equipes da Funai, que não são agressivas nem deixam lixo na floresta", comentou Travassos.

O responsável da Funai relatou que em 2006, agindo contra o estatuto da Fundação, tentou contatar estes índios para alertar sobre uma incursão de um grupo armado de "grileiros" na região.

"Foi muito violento, houve assassinatos. A Funai temia que se não fossem contatados, a possibilidade de sobrevivência seria muito pequena", disse Travassos, mas os Kawahivas também fugiram antes que o órgão pudesse alertá-los do perigo.

A ação exploratória do homem branco, que colonizou a região nos anos 70 e 80 com o respaldo da ditadura, impôs uma sangria para os Kawahivas.

"Os dados mostram que era um grupo muito mais populoso que o atual. Achamos que começou a cair há 40 ou 30 anos pelo exploração do território e com mais força nos últimos 20 anos por causa da diminuição dos recursos naturais. Há relatos de massacres e ataques violentos", comentou Travassos.

Os estudos da Funai permitiram conhecer aspectos curiosos desta tribo, que não pratica a agricultura e permanece durante poucos anos na bacia de um rio para depois se muda para outro vale.

Segundo Travassos, o povo Kawashiva se caracteriza também por ter "apreço" pelos pássaros. Eles costumam deixar as crianças em árvores altíssimas, em que trepam com a ajuda de varas de madeira e depois os prendem em jaulas de palha, e têm o hábito de levar as aves na incessante peregrinação pela selva.

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