A presidente também apoiou a decisão do Mercosul sobre direito ao asilo (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de julho de 2013 às 18h20.
Montevidéu – A presidente Dilma Rousseff disse hoje (12) que o incidente ocorrido com o presidente da Bolívia, Evo Morales, ofendeu todos os países da América Latina. Ela defendeu que a solidariedade das nações da região a Morales deve se refletir “em atos concretos e efetivos”.
“Essa região não pode deixar de manifestar o mais integral repúdio ao tratamento dispensado a um de nossos presidentes por países europeus. Cada um de nós tem que defender essa posição de repúdio, não só por causa do presidente Evo Morales, mas porque uma parte de cada um de nós, presidentes latino-americanos, foi ofendida e foi de fato agredida por esse ato”, disse, ao participar da Cúpula do Mercosul, na capital uruguaia.
No início do mês, Morales foi impedido de sobrevoar o espaço aéreo de Portugal, da Espanha, França e Itália por causa da suspeita de que o norte-americano Edward Snowden, que prestava serviços à Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, estaria a bordo do avião do presidente boliviano. Snowden é procurado pelo governo norte-americano após ter revelado monitoramento de dados de cidadãos – norte-americanos e estrangeiros - pelos Estados Unidos.
A presidente também apoiou a decisão do Mercosul sobre direito ao asilo. “Tenho certeza que devemos valorizar o Mercosul, pois diante dos momentos de expansão, quanto de crise, o Mercosul é o melhor caminho para o fortalecimento de nossos países, desenvolvimento de nossas economias e afirmação da cidadania de nossos países”, disse, sem mencionar a questão envolvendo Snowden.
O consultor de informática Edward Snowden, que denunciou o esquema de espionagem dos Estados Unidos na internet, pediu asilo político a vários países. Ele disse hoje (12) que quer permanecer, temporariamente, na Rússia até conseguir ir para América Latina. A Venezuela é uma das nações que ofereceu asilo ao norte-americano.
A presidente também comentou sobre o retorno do Paraguai ao Mercosul, que ocorrerá em agosto após a posse do presidente eleito, Horacio Cartes. O país, um dos fundadores do grupo, foi suspenso depois do impeachment do então presidente Fernando Lugo ter ocorrido em um prazo de 48 horas, o que foi criticado e contestado pelos integrantes do Mercosul.
Os paraguaios pressionaram para que fossem reincorporados ao grupo regional antes e criticaram que a Venezuela tenha assumido a presidência temporária do bloco. Os venezuelanos, que se tornaram membros do Mercosul há um ano, assumiram hoje a presidência pro tempore.
De acordo com Dilma, a suspensão do Paraguai não foi uma retaliação e os países têm atuado para assegurar o retorno dos paraguaios. “Quero aqui registrar e constatar um fato que mostra a maturidade política e econômica do Mercosul. Nós jamais tivemos atitudes de retaliação ao povo ou ao governo paraguaio. Tomamos uma atitude política e isso se constata pela ampliação das relações comerciais e econômicas do Paraguai com o Mercosul nesse período”.
“Isso marca uma distinção entre a forma de tratar as divergências no seio do Mercosul e a forma que impera em outras partes do mundo”, acrescentou.