Câmara Municipal de São Paulo: "acho uma vergonha a Câmara não ter debatido nenhum projeto em agosto. Estamos de braços cruzados, só derrubando as sessões", disse Ari Friedenbach (Pros) (Divulgação/Flickr da Câmara Municipal de São Paulo)
Da Redação
Publicado em 8 de setembro de 2014 às 11h41.
São Paulo - Lideranças da Câmara Municipal apontam a falta de entendimento entre o Legislativo e o Executivo como o motivo da paralisia da Casa.
Os vetos do prefeito Fernando Haddad (PT) às emendas incluídas de última hora no Plano Diretor, votado em julho, causaram revolta entre os vereadores. O presidente José Américo (PT), candidato a deputado estadual, garante, porém, que as votações serão retomadas nesta quarta-feira, 11.
"Não é por causa das eleições (a paralisia do plenário). Hoje tem o trabalho de obstrução do PSD e de outras lideranças, como o Tripoli e o Milton Leite, que não ficaram satisfeitos com os vetos do governo em suas emendas. O Ricardo Nunes, líder do PMDB, que é da zona sul, também ficou muito insatisfeito com o veto ao aeroporto em Parelheiros", disse Américo.
Um dos coordenadores da campanha de Alexandre Padilha ao governo do Estado, Paulo Fiorilo (PT) endossa a versão de que a Câmara não vota projetos por causa dos vetos. "A eleição também é um fator que atrapalha nos trabalhos, mas não é o principal. Hoje existe a obstrução de quem ficou insatisfeito com os vetos do governo."
Marco Aurélio Cunha (PSD) apresenta a mesma explicação. "O baixo movimento na Câmara não se explica só pela campanha, mas pela dificuldade de diálogo entre o Executivo e o Legislativo", disse.
José Police Neto (PSD), também candidato a deputado estadual, culpa o governo. "Esse foi um mês deprimente na Câmara. E o problema não é ter vereador candidato. Isso sempre tem. O problema é que o Executivo não está sabendo trabalhar suas demandas. Como consequência, a liderança de governo não se esforça para aprovar os projetos do prefeito e os demais ficam parados", afirmou.
Um dos principais líderes da Casa e cotado para ser presidente no biênio 2015-2016, Milton Leite (DEM) repete o discurso dos colegas. "Não existe mais entendimento entre os líderes. O prefeito traiu. Eu não vou votar mais nada mesmo", afirmou Leite, que defende licença para candidatos. Campeão de licenças, ele disse que ficou doente na semana passada.
"Por isso não fui à Câmara. Estava internado no (Hospital Albert) Einstein, com problema no cérebro", disse ele, que tenta ajudar a reeleger dois filhos deputados. Leite mostrou à reportagem foto tirada no hospital.
Estreante, o vereador Ari Friedenbach (Pros) desabafou na sessão ordinária de quarta-feira, pouco antes de ela cair.
"Acho uma vergonha a Câmara não ter debatido nenhum projeto neste mês (de agosto). Estamos de braços cruzados, só derrubando as sessões. E há projetos importantes. Depois, as pessoas vão dizer que vereador não trabalha e não poderemos reclamar, porque elas têm toda a razão agora", afirmou Ari.
Retorno
A presidência da Câmara disse que colocará em votação na quarta o Programa de Parcelamento Incentivado (PPI), que permite ao contribuinte parcelar dívidas de impostos em até 20 anos.
O líder do governo, Arselino Tatto (PT), disse que vai articular a aprovação de projetos prioritários para Haddad em setembro.
"Também precisamos votar, em primeira discussão, o projeto da Operação Faria Lima que permite investir R$ 500 milhões na reforma da Avenida Santo Amaro e os reajustes para o funcionalismo", afirmou.
Tatto tentou minimizar o esvaziamento das sessões. "Em toda campanha eleitoral sempre há um esvaziamento histórico na Casa, porque há muitos vereadores candidatos. Não dá quórum (nas sessões), muitos vereadores têm uma série de atividades de campanha." Ele defende que os colegas tirem licença nas eleições.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.